Título: A engenharia da oposição
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 26/08/2011, Política, p. 4

Enquanto espera que novos escândalos em ministérios voltem a desestabilizar a base governista e resultem em mais assinaturas para a CPI da Corrupção, a oposição na Câmara dos Deputados planeja apresentar, na próxima semana, um projeto de reengenharia administrativa para o governo. A principal medida é sugerir o corte pela metade dos mais de 23 mil cargos públicos hoje existentes e do número de pastas na Esplanada.

O líder da minoria, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), diz que a estratégia é continuar convocando ministros a esclarecer denúncias de irregularidades e buscar as quase 50 assinaturas que faltam na Câmara para a instalação da CPI. Mas, para adotar também uma agenda positiva, a oposição pretende apostar no debate de grandes temas. "Já que a presidente Dilma Rousseff não governou até hoje, com tantas crises para resolver, vamos tomar a iniciativa" alfineta.

Abi-Ackel recorda que a presidente prometeu enviar ao Congresso programas de reestruturação de áreas estratégicas ¿ Saúde, Educação, Infraestrutura, Indústria e Segurança Pública ¿, mas que, após oito meses de governo, pouco fez.

A reestruturação proposta pela oposição será focada na fusão de ministérios e no corte de gastos desnecessários com custeio. Paulo Abi-Ackel usa uma pitada de humor para justificar as sugestões: "A única coisa que fazem o Ministério do Meio Ambiente e o do Desenvolvimento Agrário é brigar com o da Agricultura; Planejamento e Fazenda vivem fazendo oposição um ao outro; Turismo só serve para fazer farra com o dinheiro público; e o Ministério do Trabalho não gera empregos, só sindicatos em profusão".