Com carceragem da PF lotada, empreiteiros são levados a presídio

 

Os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e outros seis executivos dessas empreiteiras foram transferidos ontem de manhã da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o Complexo Médico-Penal do Paraná, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

FOTOS DE GERALDO BUBNIAKTransferência. Marcelo Odebrecht deixa a carceragem da PF, em Curitiba

Marcelo Odebrecht e Azevedo, presos na carceragem da PF desde 19 de junho, carregaram as próprias malas. O presidente da Andrade Gutierrez chegou a tropeçar no caminho até a van que transportou os acusados para o presídio. Os dois estão entre os 22 envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras que o Ministério Público Federal denunciou à Justiça na sexta-feira.

Dois curiosos acompanharam o momento da transferência e provocaram os executivos. Ninguém esboçou reação. A transferência foi pedida pelo delegado da PF Igor Romário de Paula e autorizada pelo juiz Sérgio Moro, na sexta-feira.

Os presos da Lava-Jato deverão ficar separados dos detentos comuns que cumprem pena no Complexo Médico- Penal, administrado pela Segurança Pública do Paraná, por “motivos de segurança”, de acordo com Moro. No despacho, o juiz escreveu que, apesar das “relativas boas condições” da carceragem da PF, a unidade “não comporta, por seu espaço reduzido, a manutenção de número significativo de presos.”

Fundado em janeiro de 1969, durante a ditadura, o Complexo Médico-Penal foi construído em formato de metralhadora. Até 1993, o local servia como manicômio judicial. Depois, foi reformado e passou a ter capacidade para 350 presos, inclusive os que precisam de atenção médica.

Além de Marcelo e Azevedo, deixaram a carceragem da PF Elton Negrão, Alexandrino Alencar, César Ramos, João Antônio Bernardi Filho, Márcio Faria e Rogério Araújo. Eles foram indiciados pela PF pelos crimes de fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, crime contra a ordem econômica e organização criminosa.

Na denúncia apresentada à Justiça Federal contra os executivos das duas empreiteiras, o MPF diz, inclusive, que Marcelo Odebrecht chegou a tramar um plano para fugir do país.

“OPERAÇÃO NOBOA”

A conclusão foi tirada de uma entre as diversas anotações do empresário, analisadas no âmbito da investigação. Os procuradores citam anotação na qual ele escreve a expressão “tática Noboa”. O MPF considerou evidente ser uma “referência ao caso de Gustavo Noboa”, ex-presidente do Equador que fugiu do país, em 2003, ao ser acusado de malversação de fundos na renegociação da dívida externa.

Contra Otávio Azevedo pesa o fato de ele ter sido apontado por dois delatores como um dos responsáveis por negociar, com o lobista Fernando Baiano, a oferta de vantagens indevidas a integrantes do esquema. As defesas de Odebrecht e Azevedo negam as acusações.

 

Ex-presidente da OAS nega estar negociando delação premiada

 

Edward Carvalho, advogado do ex-presidente da construtora OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, negou ontem que o executivo tenha autorizado a negociação de um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal dentro da Operação Lava-Jato. A informação sobre a possibilidade da delação foi publicada na edição desta semana da revista “Veja”.

De acordo com a revista, o executivo poderia trazer provas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se beneficiou dos recursos do esquema de corrupção da Petrobras e que recebia favores de empreiteiras. Entre eles, estaria a reforma de imóveis da família, como uma cobertura no Guarujá (SP) e um sítio em Atibaia (SP).

Pinheiro cumpre prisão domiciliar e é um dos investigados da Lava-Jato. Segundo “Veja”, a suposta negociação envolveria também a entrega de lista de todos os políticos que receberam propina por meio da OAS.

— Nunca existiu conversa e não há intenção para se ter uma com a Procuradoria da República. Isso não está nem em estudo. Somos radicalmente contra a delação premiada — disse Edward Carvalho, advogado da OAS e que também representa Léo Pinheiro.