PMDB deve apoiar nova meta no Senado

Após se reunir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e senadores do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), sinalizou a interlocutores o apoio do partido, na Casa, à redução da meta de superávit primário e ao corte adicional de R$ 8,6 bilhões nos gastos do Orçamento. Na sexta- feira, em pronunciamento na TV Senado, Renan criticara os rumos do ajuste e afirmara que “negar a realidade é minimizar ou relativizar crises. É um atalho para o insucesso”. Ontem, pela manhã, Renan também se reuniu com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), disse não acreditar na nova meta fiscal.

— Já se sabe que esse 0,15% não será superávit, será déficit. Você não cortou despesas e cortou investimento. O Brasil está como um cachorro que morde o próprio rabo — disse, fazendo referência ao discurso do presidente do Senado na sexta- feira.

Cunha, que também esteve com o ministro Levy para discutir a proposta, antes do anúncio oficial, acredita que o cenário é preocupante. Para ele, duas inflações diferentes assombram a economia brasileira.

— Temos a inflação de preço administrado e inflação de perda de resultado. Ou seja, perdeu quantidade vendida, perdeu mercado e está aumentando o preço para manter o mesmo valor de receita. São situações que mostram que a economia deve ter um choque — disse Cunha.

MEDIDAS INSUFICIENTES

O senador Romero Jucá ( PMDBRR), autor da proposta de emenda que reduziria o superávit a 0,4%, também se reuniu com Levy na noite de quarta- feira. Segundo ele, o ministro teria admitido que o resultado esperado para o ajuste fiscal fracassara até aqui. E também reconheceu que só o pacote de ajuste fiscal e a mudança no superávit são insuficientes para tirar o país da crise. O ministro e os senadores combinaram de discutir, na próxima semana, medidas para reestruturar a economia e dar previsibilidade aos agentes econômicos.

Entre as propostas, estão ajustes na legislação das Parcerias Público- Privadas ( PPPs) para reduzir o intervencionismo do governo e dar mais garantias aos investidores, ajustar a legislação das concessões, destravando a legislação ambiental; e modernizar os mecanismos de relação com os agentes produtivos.