Um vazamento conveniente

Alvo de críticas no seu partido por romper com o governo, após ser acusado de ter cobrado US$ 5 milhões de propina, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), divulgou ontem no grupo de WhatsApp dos deputados federais da sigla mensagens de solidariedade enviadas por três dos principais caciques peemedebistas do Rio: o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex- governador Sérgio Cabral. Nos textos, os três consideram “fofoca” a informação de que estariam criticando internamente o rompimento de Cunha com a presidente Dilma Rousseff.

PEDRO KIRILOSApoio amplificado. Cunha divulgou à bancada do PMDB as mensagens de apoio de caciques

“Amigo Eduardo, lute pela sua honra como estou lutando pela minha e sei o que você está passando. Em nenhum momento questiono sua atuação na Câmara, não estou aí para conhecer a temperatura da casa, só defendo a ajuda ao país por atravessarmos esse momento difícil que eu sei que você também está preocupado. Não participei em nenhum momento de reunião de líderes do PMDB tirar uma posição contra você. Um grande abraço”, diz mensagem enviada por Pezão no início da tarde de ontem.

Antes, Paes escrevera a Cunha: “Querido presidente, nessas horas de desafios a fofoca é a arma dos fracos. Não há por parte de seus companheiros aqui qualquer tipo de ação tolhedora de sua conduta na defesa de sua honra e dignidade. Grande abraço”, escreveu o prefeito.

Cabral também enviou mensagem em que nega estar ligado a conversas com críticas a Cunha. “Quero te dizer que não troquei uma palavra sobre você com ninguém”, diz.

Procurado por meio de sua assessoria para comentar a divulgação de sua mensagem, Paes não retornou. Pezão, também por sua assessoria, informou que não comentaria. Ontem, ele defendeu a manutenção do PMDB no governo Dilma, dizendo que quem “ajudou a eleger tem que ajudar a governar”.

NOTA SÓ CITARIA GESTÃO NA CÂMARA

Se divulgou esses apoios, Cunha sustou ação de deputados do PMDB que articulavam nota pública de apoio a ele. Os aliados de Cunha esbarraram na resistência de integrantes da bancada que não queriam incluir no texto referência à investigação da Operação Lava- Jato. O documento elogiaria apenas a atuação de Cunha à frente da Câmara.

Questionado por que pediu para suspender a iniciativa, Cunha foi direto:

— Porque não preciso de desagravo — disse ele.