O globo, n. 29894, 12/06/2015. País, p. 8

Júlio de Sá Bierrenbach. O almirante que lutou pela investigação do caso Riocentro

À Comissão da Verdade, sustentou que caso foi abafado para inocentar altos oficiais envolvidos

Aos 95 anos de idade, o ministro aposentado do Superior Tribunal Militar ( STM) Júlio de Sá Bierrenbach morreu em casa, na Zona Sul do Rio, enquanto dormia, na madrugada de ontem, dia em que se comemorou o 150 º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo. Bierrenbach lutou pelo não arquivamento do caso do atentado do Riocentro, um dos mais emblemáticos da ditadura militar.

Reportagem publicada pelo GLOBO revelou que o presidente João Figueiredo e o general Danilo Venturini, chefe do Gabinete Militar da Presidência, foram informados com mais de um mês de antecedência sobre os preparativos para o atentado. O GLOBO também mostrou que a agenda do sargento Guilherme Pereira do Rosário, um dos autores do ataque, expõe a rede de terror envolvida no episódio.

Em abril de 2014, Bierrenbach prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade. O ministro sustentou que a investigação sobre o atentado ocorrido em 30 de abril de 1981 foi abafada para inocentar altos oficiais vinculados ao crime.

A bomba que explodiu no estacionamento do Riocentro, durante um show em homenagem ao Dia do Trabalho, matou o sargento Guilherme do Rosário e feriu o capitão Wilson Machado, ambos agentes do Destacamento de Operações de Informações do 1 º Exército ( DOI- I).

Nascido em Sorocaba e autor de “Riocentro: quais os responsáveis pela impunidade?”, o almirante foi indicado pelo presidente Ernesto Geisel para o cargo de ministro do STM em 1977 e, desde a posse, defendeu que as inquirições não deveriam ser conduzidas com violência.