O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi hostilizado ontem ao tentar desviar de um grupo de manifestantes que protestava contra o governo na Avenida Paulista, em São Paulo. Aos gritos de “Fora, PT” e “Pega ladrão”, e com sons que imitavam uma sirene de polícia, Cardozo foi seguido até entrar em uma livraria. Questionado por um integrante do Revoltados On Line, um dos movimentos que pedem o impeachment de Dilma Rousseff, o ministro disse que a ação é “absolutamente democrática”. Cardozo estava acompanhado do advogado Marco Aurélio Carvalho, que usava uma camisa polo vermelha e foi empurrado por um dos manifestantes:
FERNANDO DONASCIDe volta. Boneco inflável do ex- presidente Lula reaparece em protesto em SP— Ele disse: “Ô, bacana, quem te deixou andar assim de vermelho na Paulista?”. Eu respondi que era para ele me mostrar onde estava proibido, em que parte da Constituição.
Segundo Carvalho, ele e o ministro entraram em uma livraria porque Cardozo queria comprar um CD e um livro. Ele informou que o ministro não foi tocado nem bateu boca com o grupo que o seguiu.
— Dentro da livraria, alguns se deram conta e pediram desculpas. Teve até quem quisesse fazer foto com ele — disse.
“LULA INFLADO” ESCOLTADO
Após sofrer um “atentado” e ser rasgado na última sexta- feira durante outro ato na capital paulista, o boneco inflável do ex- presidente Lula vestido de presidiário, conhecido como “Lula Inflado” ou “Pixuleco”, reapareceu no ato de ontem cercado por uma grade e foi “escoltado” por cinco seguranças em frente ao prédio do Tribunal de Contas da União ( TCU). O Movimento Brasil Melhor, um dos que organizaram o protesto, informou que gastou R$ 1.800 com a estrutura. No fim do ato houve troca de xingamentos e empurra- empurra entre grupos a favor e contrários ao governo. Cristiane Polo, do Movimento Brasil Melhor, negou, no entanto, que o boneco tenha sido esvaziado por conta da confusão:
— A previsão era esvaziar o boneco às 14h, e fizemos isso. Ninguém nos intimidou.
Nas redes sociais, uma página convocou pessoas para furarem o boneco que reapareceu ontem na Avenida Paulista. O objetivo, diz o grupo, é atacá- lo onde ele aparecer. Um dos movimentos que apoiam o ato com o “Pixuleco” atribuiu o tumulto a essa organização.
A próxima aparição do boneco deve ser em Brasília no Sete de Setembro. O ato de ontem chegou a ser cancelado após o incidente no Centro de São Paulo.