Coutinho depõe em CPI e defende BNDES

 

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem na CPI do BNDES que as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato tiveram sua classificação de risco (rating) alterada nas operações do banco de fomento por conta das denúncias que vieram a público.

— Em relação às empresas da Lava-Jato, o banco adotou um procedimento de grande cautela, dentro da lei. Primeiro, reexaminando as condições de rating e de capacidade econômico-financeira de cada uma dessas empresas — disse Coutinho. —Não podemos julgar [as empresas] inidôneas antes que a Justiça o faça, mas obviamente, por dever de cautela, temos que rever as condições cadastrais e econômicofinanceiras, e em alguns casos a deterioração econômico-financeira impede que possamos operar com elas — complementou.

O presidente do BNDES observou que todas as operações de crédito no banco são decididas em processos que envolvem “pelo menos 50 pessoas”.

Coutinho refutou ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha qualquer interferência em financiamentos no banco a projetos específicos.

— Posso afirmar que o presidente Lula jamais solicitou ou interferiu no BNDES, diante de mim como presidente ou de qualquer diretor, a respeito de qualquer projeto específico — declarou. — Mesmo quando presidente, não me recordo de [ele] ter me inquirido a respeito de projetos específicos. Como ex-presidente, nas nossas poucas conversas, jamais teve qualquer intervenção relativa a projetos no BNDES.

REUNIÃO COM RICARDO PESSOA

Coutinho também negou ter encaminhado o dono da UTC, Ricardo Pessoa, ao tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição no ano passado, o atual ministro Edinho Silva (Comunicação Social). A informação constaria da delação de Pessoa, ainda sigilosa. O empreiteiro afirma que na conversa com Edinho houve pedido de doação vinculada a contratos na Petrobras. Coutinho deu outra versão.

— Não participei de financiamento de campanha. A reunião foi com o Ricardo Pessoa e outros integrantes de Viracopos para a conclusão do projeto do aeroporto e equacionamento do projeto, nada tendo a ver com contribuição a campanha. Não o dirigi a qualquer relação com o tesoureiro Edinho — afirmou.

A CPI do BNDES aprovou ontem requerimentos de convocação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e de ex-diretores do banco de fomento, como o ex-presidente Eleazar Filho. A inclusão deste último gerou polêmica. Ele presidiu o BNDES no governo Fernando Henrique, em 2002, e ficou no cargo por apenas 17 dias em 2003, no governo Lula, sendo substituído por Carlos Lessa. A CPI investiga o período 2003-2015.

— Isso é politizar a CPI — reclamou o vice-presidente da comissão, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP).