FHC rejeita encontro com Lula sobre crise

27/07/2015 

Paulo de Tarso Lyra

 

Fernando Henrique pediu aos tucanos que não se aproximem do governo e priorizem o contato com o povo (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Fernando Henrique pediu aos tucanos que não se aproximem do governo e priorizem o contato com o povo

 


Diante da insistência de líderes petistas e integrantes do primeiro escalão do governo federal, como o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, em defender o encontro entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, os tucanos resolveram elevar o tom para rechaçar a proposta. E o primeiro a fazer isso foi o próprio FHC, em comentário feito nas redes sociais ontem. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo para salvar algo que não deve ser salvo.

FHC, que no meio da semana já havia dito que Lula não precisa de intermediários e, se quiser falar comigo, tem meus telefones diretos, reforçou o desconforto do PSDB diante das especulações sobre um possível encontro ele e o petista. O momento não é para buscar aproximações com o governo, e sim, com o povo, completou o ex-presidente, que está em Paris.

Segundo apurou o Correio, o PSDB não quer repetir o erro cometido em 2005, quando FHC conversou como então ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, no auge da crise do mensalão e concordou em amenizar os ataques ao governo. Interlocutores governistas reconhecem que o momento também é outro. Há 10 anos, Lula ainda era considerado um mito, o PT apenas inaugurava o desgaste ético vivido pela legenda, e as primeiras denúncias apontavam para um esquema de financiamento irregular partidário. Hoje, elas apontam para um esquema de distribuição de propinas. Temos 13 anos de PT no governo, uma presidente desgastada e a possibilidade concreta de o PSDB retomar o governo. FHC jamais aceitará esse encontro, completou um analista do PMDB.

Em nota, os líderes do PSDB na Câmara e no Senado, Carlos Sampaio (SP) e Cássio Cunha Lima (PB), respectivamente, também rechaçaram qualquer apoio ao possível diálogo entre os dois ex-presidentes. Com esses gestos, o PT quer fazer os tucanos sócios da crise que dragou o governo, avalia o texto. Assinada em conjunto, o documento lembra ainda que os petistas passaram anos estimulando a intransigência, o rancor e dividindo o país entre nós e eles. Agora, sob o pretexto de uma súbita preocupação com o Brasil, dizem querer procurar o diálogo com quem antes rechaçavam. Para quê? Por que só agora?, indagam.