Título: Liberdade para Cacciola
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 25/08/2011, Economia, p. 18

Juíza do Rio de Janeiro concede livramento condicional ao ex-banqueiro, preso há três anos por causa do escândalo no Banco Marka

A Justiça do Rio de Janeiro resolveu conceder liberdade condicional ao ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que passou mais de três anos preso. A decisão foi da juíza Natasha Maculan Adum Dazzi, da Vara de Execuções Penais. Dono do extinto Banco Marka, Cacciola cumpre pena no complexo penitenciário Bangu 8 desde que foi capturado em Mônaco e extraditado para o Brasil em julho de 2008.

Envolvido no escândalo dos bancos Marka e FonteCindam, que quebraram em janeiro de 1999, Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão por peculato ¿ apropriação indébita ou desvio de verbas ou bens públicos ¿ e gestão fraudulenta de instituição financeira. A ação tramitou na 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Ao contrário do também ex-banqueiro Luiz Antônio Gonçalves, envolvido no mesmo episódio, Cacciola só foi preso porque, depois de obter um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), fugiu do país. Com dupla cidadania, o ex-executivo passou vários anos na Itália, onde nasceu. Seu erro foi ir ao principado de Mônaco, onde a polícia brasileira pôde, enfim, alcançá-lo.

Ele se viu no centro do furacão da desvalorização do real quando, em janeiro de 1999, o Banco Central foi forçado a elevar o teto da cotação do dólar, de R$ 1,22 para R$ 1,32. Como o banco do qual era dono apostava justamente no contrário, de que a moeda brasileira não se desvalorizaria, Cacciola se viu em dificuldades para honrar os contratos feitos com seus clientes.

Com medo de que o banco quebrasse naquela situação, que era a mesma do FonteCindam, o presidente do Banco Central à época, Francisco Lopes, determinou a venda da moeda por preço inferior às negociações feitas no mercado. A contrapartida era a de os dois bancos deixarem de existir. A operação, segundo o Ministério Público, resultou num prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao governo.

O caminho para a liberdade, ainda que condicional, de Cacciola começou a ser construído em julho último, quando a Justiça do Rio concedeu a redução de um quarto da pena, que, desde janeiro, era cumprida no regime semiaberto.