Atividade econômica recua 2,64% até maio

18/07/2015

Antonio Temóteo

 

Para Octavio de Barros, desempenho de 2016 também está comprometido (Iano Andrade/CB/D.A Press - 10/9/13)

Para Octavio de Barros, desempenho de 2016 também está comprometido



A economia brasileira acumula retração de 2,64% nos cinco primeiros do ano, conforme o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Divulgado ontem pela autoridade monetária, o resultado do indicador, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), consolidou entre os analistas de mercado a expectativa de que a atividade produtiva deve encolher 2% até dezembro. Os mais pessimistas já projetam que a geração de riquezas no país despencará 2,5% em 2015. 

Em maio, o nível de atividade medido pelo BC ficou praticamente estagnado, ao mostrar uma expansão quase imperceptível, de apenas 0,03% em relação a abril, após duas quedas consecutivas. A autoridade monetária ainda revisou os resultados de meses anteriores. Em abril, a queda passou de 0,84% para 0,88%; em março, de 1,51% para 1,53%. Para fazer os cálculos, a autarquia leva em conta indicadores do setor de serviços, do comércio, da indústria, da agropecuária e as despesas com impostos cobrados sobre os produtos. 

Em maio, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o volume de vendas do setor caiu 0,9% em relação a abril. Foi o quarto mês consecutivo de retração e o pior resultado para o mês em 14 anos. No acumulado de 2015, o varejo encolheu 2%. Por outro lado, a leve expansão do IBC-Br foi influenciada pela recuperação da indústria, que, após três meses de queda, cresceu 0,6% em maio. 

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola, afirmou que a autoridade monetária ainda levou em conta, para calcular o indicador, a retração de 1,6% da receita real dos serviços em maio. Segundo ela, a perda de ímpeto da economia é generalizada e se aprofunda com a alta do desemprego, a diminuição da renda e o arrefecimento do crédito. Após a divulgação do IBC-Br, Thaís revisou a expectativa de retração da economia em 2015. Antes, previa uma queda de 1,5%; agora, acredita que o nível de atividade vai despencar 2%. 

Viés de baixa 

Para a economista, o rápido aumento do desemprego, a crise política e as denúncias de corrupção na Operação Lava-Jato justificam a revisão das expectativas. Na opinião dela, a geração de riquezas no país não deve apresentar resultado favorável no próximo ano. Por ora, mantemos a expectativa de crescimento de 0,5% em 2016, porém com viés de baixa, alertou. 

O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, avaliou que o PIB encolherá 1,3% no segundo trimestre, 0,8% no terceiro, e não descartou novo recuo entre outubro e dezembro. Nas contas dele, o país encerrará o ano com queda de 2,1% em relação a 2014. Antes, ele previa retração de 1,8%. Com isso, a herança estatística para 2016 é negativa em cerca de 0,6%. Isso significa que, para que o PIB fique estável em relação a 2015, o crescimento médio por trimestre (em 2016) deverá ser de 0,25%, ou 1% em termos anualizados, destacou. 


 

10% de desemprego

Barros ainda alertou que a taxa de desemprego pode superar os 10% em até 18 meses se houver aumento significativo do número de brasileiros que procuram emprego. Nos últimos anos, muitos trabalhadores jovens deixaram de pressionar o mercado de trabalho para se dedicarem exclusivamente aos estudos, sendo bancados pelos pais. A queda na renda familiar, contudo, mudou esse cenário. Esperamos desemprego médio de 6,8% em 2015 e de 8,5% em 2016. Com isso, a desocupação deve atingir 9,1% em dezembro do ano que vem, ressaltou.

____________________________________________________________________________________________________________________

Servidor pode ter reajuste maior

 
Vera Batista
18/07/2015
 
 
Governo e entidades representativas dos servidores públicos federais se encontram na próxima segunda-feira para a primeira rodada de negociação depois que a categoria rejeitou a proposta de reajuste de 21,3% em quatro anos. Há expectativa de que o Ministério do Planejamento reduza o prazo de desembolso e eleve o percentual proposto. "Conversamos com interlocutores do governo e eles disseram que é viável um acerto para 2016 e 2017", informou Rudinei Marques, secretário-geral do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).
 
As mesmas fontes, segundo ele, sinalizaram um provável aumento no valor dos reajustes. Em vez dos 21,3% até 2019, a contraproposta do Planejamento seria de 15% - 7,5%, em 2016; e 7%, em 2017. "Com a instabilidade econômica em que vivemos, é difícil avalizar um acordo de quatro anos", assinalou Marques.
 
Para Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef, que reúne 80% do funcionalismo), há esperança de que o retorno do governo seja, pelo menos, razoável. "Há muitos boatos em torno da reunião. Em 7 de julho, deixamos claro, e por unanimidade, que não tem negociação por quatro anos", disse.