Jovens voltam ao mercado e são mais afetados pelo desemprego

Após adiarem o início da vida profissional no ano passado, ajudando a manter a taxa de desemprego no país baixa, os jovens voltaram a pressionar o mercado de trabalho. Segundo o IBGE, o número de pessoas entre 18 e 24 anos fora da força de trabalho (que não estão empregados, nem procuram vagas) recuou 4,4% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. É a maior queda entre todas as faixas etárias. Ou seja, o grupo puxou a busca por emprego observado desde o início do ano. Em 2014, o movimento era inverso: a quantidade de jovens que optava por não trabalhar cresceu 10,8% em julho do ano passado, na comparação com igual mês do ano anterior.

Ao voltarem a bater na porta das empresas, os jovens também engrossam o contingente de desempregados, no momento em que o mercado de trabalho vive umas das piores crises dos últimos anos: são sete meses seguidos de alta na taxa e uma variação (para mais ) de 3,2 pontos percentuais entre janeiro e julho. Na crise de 2009, por exemplo, essa diferença foi de apenas 1,2 ponto percentual.

Em julho, o desemprego no grupo entre 18 a 24 anos foi o maior entre as faixas etárias pesquisadas pelo IBGE, chegando a 18,5% — um salto de 5,6 pontos percentuais, na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando era de 12,9%.

João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, vê clara relação entre a queda da inatividade e o desemprego.

— Tem uma relação direta. Se os jovens estão menos inativos, quer dizer que ele foi pra PEA (população economicamente ativa). Obviamente, boa parte ficou desempregada.

A mesma tendência de retorno à busca de um emprego também é observada entre trabalhadores de 25 a 49 anos — mas em menor intensidade. Em julho de 2014, o número de inativos nessa faixa etária havia crescido 3,3%, sobre julho de 2013. Já no mês passado, o grupo caiu 1,3%.

Também há desaceleração dos idosos fora do mercado. No grupo de 50 anos ou mais — onde inatividade já tende a crescer por causa da aposentadoria — a alta foi de 5,7% em julho deste ano, contra 9,2% em 2014.

— Muitos alegavam que a população não economicamente ativa estava crescendo, porque as pessoas estavam se retirando para estudar. Isso mudou — explica Adriana Beringuy, do IBGE .

 

‘Fim de semana’ de 3 dias vira realidade

 

Para muitos, um grande fim de semana de três dias é uma fantasia associada a executivos, que podem se dar ao luxo de matar um dia de trabalho. Mas o sonho poderá transformar-se em realidade para alguns funcionários da rede japonesa de roupas Uniqlo. A Fast Retailing, holding que controla Uniqlo, Theory e J Brand, vai oferecer uma semana de trabalho de apenas quatro dias a cerca de um quinto de sua força de trabalho, já a partir de outubro. Cerca de dez mil funcionários em tempo integral nas filiais japonesas da Uniqlo terão a opção de três dias de descanso. Mas, em troca, a jornada de trabalho no resto da semana será de dez horas.

A única desvantagem é que não será bem um fim de semana prolongado: será necessário trabalhar sábado e domingo, os dias mais movimentados na Uniqlo.

A varejista estuda adotar uma semana mais curta em sua sede corporativa, se a experiência der certo. O objetivo é reter talentos em tempo integral. No Japão, é comum as pessoas preferirem empregos de meio expediente para estar com a família ou cuidar de pais idosos, diz a empresa.