A chanceler federal alemã, Angela Merkel, está disposta a atender aos apelos da presidente Dilma Rousseff e aumentar os investimentos no Brasil. Mas quer segurança jurídica para que os empresários da quarta maior potência do mundo possam aplicar recursos em projetos industriais, de infraestrutura, logística, energia e transferência de tecnologia. Este foi o recado transmitido ontem pela manhã ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pelo vice- ministro de Finanças alemão, Jens Spahn. No encontro com Merkel, Dilma reclamou de barreiras a produtos agropecuários impostas pela União Europeia (UE), disse que a parceria entre brasileiros e alemães é fundamental e pediu que empresas germânicas participem dos processos licitatórios, tanto na segunda etapa das concessões do Programa de Infraestrutura e Logística ( PIL) quanto em investimentos em energia elétrica e outras áreas.
ADRIANO MACHADO/REUTERSParceria. Merkel e Dilma sobem a rampa do Palácio do Planalto: presidente ressaltou “solidez e cooperação bilateral”— Queremos dar apoio ao governo brasileiro, mas precisamos de outras reuniões. Precisamos talvez de mais informações sobre as regulações dos contratos e segurança do que acontece aqui. Queremos que mais empresas alemãs invistam no Brasil, mas para isso é preciso um arcabouço mais interessante para investir — disse Spahn, ressaltando a magnitude do PIL.
Merkel confirmou o interesse de empresas alemãs em licitações em portos, aeroportos, estradas e geração e distribuição de energia. E reafirmou seu apoio às negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE. A troca de ofertas entre os dois blocos deve ocorrer ainda neste semestre.
— O Mercosul é um grupo heterogêneo com o qual a Alemanha deseja fazer negócios — disse Merkel, acrescentando esperar negociações rápidas.
Dilma, por sua vez, reforçou:
— Nosso compromisso é apresentar ofertas comerciais até o fim de 2015. Isso vai permitir a ampliação das relações comerciais entre o Brasil e o Mercosul, a Alemanha e a União Europeia.
SEM ESQUECER O 7 X 1
Dilma comemorou a visita de Merkel, que incluiu o Brasil num seleto mecanismo de consultas de alto nível mantido pela Alemanha com um pequeno grupo de países.
— A visita atesta a solidez e a cooperação bilateral. Diante dos cenários de incerteza quanto à recuperação da economia, sabemos o quanto é importante essa parceria — afirmou antes do almoço, onde o brinde foi feito com cerveja brasileira.
Houve momentos de descontração, com a lembrança da derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo, ano passado.
— Apesar das desavenças no futebol, nossa relação é realmente espetacular — disse a presidente, segundo fontes.
Dilma convidou a chanceler alemã a vir para as Olimpíadas do Rio, em 2016:
— Esperamos ver milhares de alemães, como na Copa, e não faremos nenhum comentário sobre resultado de jogos.