Título: 250 mil documentos secretos na rede
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Fonte: Correio Braziliense, 03/09/2011, Mundo, p. 21

O site Wikileaks liberou ontem na internet o acesso a mais de 250 mil documentos secretos da diplomacia norte-americana, sem exercer nenhum tipo de filtro ou edição, e com isso se indispôs com o pool de jornais que vinham participando da tarefa de selecionar os textos a serem abertos para o público ¿ tendo em vista, principalmente, preocupações de segurança. O WikiLeaks vinha divulgando telegramas e outros documentos reservados desde o ano passado, mas sempre depois de examinado o conteúdo para evitar que algum personagem citado pudesse ser colocado em situação de risco.

Jornais de todo o mundo condenaram a publicação irrestrita das informações. Em mensagem postada no Twitter, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, anunciou que "251.287 telegramas de embaixadas americanas foram postados num formato que permite fazer buscas". Assange argumentou que "é hora de abrir os arquivos para sempre". Parceiros do site no exame dos documentos, os jornais The Guardian (Reino Unido), The New York Times (EUA) e El País (Espanha), além da revista alemã Der Spiegel, divulgaram um comunicado conjunto. "Lamentamos a decisão do WikiLeaks de publicar documentos de Estado sem edição, o que pode colocar as fontes em risco", diz o texto.

Em um dos textos liberados, um investigador das Nações Unidas relata que tropas dos EUA algemaram e executaram 10 civis iraquianos, entre eles crianças, durante um ataque, em 2006. Outro documento relata que oito em cada 10 meninas entrevistadas na Costa do Marfim disseram ter trocado sexo por alojamento ou comida com soldados da força de paz enviada pela ONU ao país.