Título: Evento é desafio para Brasília
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 12/08/2011, Cidades, p. 24

Na China, Agnelo Queiroz lança a candidatura da capital brasileira como sede dos jogos universitários de 2017. Em visita à cidade que recebe a competição este ano, comitiva do GDF tem a oportunidade de conferir de perto a infraestrutura necessária para organizar o mundial. Enviada especial

Shenzhen (China) ¿ Na terra onde o alfabeto parece jogo da velha, uma mensagem foi prontamente compreendida pela comitiva brasileira que chegou em solo chinês e tenta trazer para Brasília os jogos universitários mundiais. O campeonato demanda estrutura, organização e segurança, exigências que fazem lembrar a magnitude das Olimpíadas, mas capaz de gerar desenvolvimento na mesma proporção às cidades que buscam atender os requisitos para hospedar o evento. A um dia do início das competições entre quase 10 mil atletas de 152 países, Shenzhen tornou-se um exemplo didático do desafio que o Distrito Federal enfrentará para sediar a Universíade de Verão em 2017, competição que reúne mais de 20 modalidades esportivas, como futebol, atletismo, vôlei, basquete, ginástica artística, saltos ornamentais, tênis.

Era manhã na China e madrugada no Brasil quando o governador Agnelo Queiroz (PT) e sua comitiva desembarcaram em Hong Kong, a 40 minutos de Shenzhen. Foram 26 horas de voo entre Brasília e a China, mais sete horas por conta das escalas para atravessar dois continentes, outras duas até fazer a imigração entre Hong Kong e Shenzhen (Leia Para saber mais), além de meia hora de carro até alcançar a vila dos atletas que disputam a 26ª Universíade de Verão. A cidade onde está hospedada a comitiva brasileira ¿ formada por Agnelo e quatro secretários de Estado ¿ fica do outro lado do mundo. A jornada intercontinental para uma agenda de três dias, no entanto, foi considerada fundamental para demonstrar o interesse de Brasília em hospedar o campeonato mundial. Além disso, o exemplo chinês servirá como referência para a capital brasileira, caso seja eleita sede do campeonato de 2017.

Maratona Desde os jardins decorados com o mascote do evento ¿ uma letra u amarela, redondinha e sorridente ¿, aos carros customizados, balões pendurados nos postes, outdoors com o slogan, até os 20 mil voluntários uniformizados que trabalham na organização do campeonato, tudo em Shenzhen orbita em torno dos jogos de verão, que, aliás, é muito quente e úmido na região chinesa. Foi nesse cenário que Agnelo mostrou a cara de Brasília. Depois de uma maratona aérea e diplomática para chegar à China, o governador comeu um sanduíche e chegou à vila dos atletas a tempo de se enquadrar na foto oficial da delegação brasileira.

Meio sem jeito, porque nem todos os atletas da delegação sabiam quem era o homem de terno e gravata em meio aos canarinhos, Agnelo registrou ali a candidatura do Distrito Federal para 2017. "Não sabia que o Brasil estava na disputa para sediar os jogos universitários. Fiquei animado com a possibilidade. É muito diferente competir quando se tem uma torcida gritando por você", disse Fábio Carvalho, atleta carioca de tiro ao alvo. Ele estava em meio a um grupo de colegas brasileiros do tênis e da esgrima, que também aprovaram a ideia. "É uma forma de divulgar a Universíade e o Brasil", considerou o tenista de São Paulo Erik Gomes.

Na vila universitária de Shenzhen, o governador do DF foi recepcionado por dois representantes do Ministério do Esporte, uma equipe da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), além de integrantes da delegação brasileira na China, com quem percorreu o complexo construído especialmente para abrigar os atletas da Universíade. A comitiva andou pelos prédios onde estão hospedados os competidores, ginásios, anfiteatros e praça da alimentação, que funciona 24 horas e dá acesso livre aos atletas. Nas janelas dos apartamentos onde estão hospedados os estudantes, bandeiras do Canadá, da Rússia, da Alemanha, dos Estados Unidos e do Brasil demonstram tratar-se de é um evento esportivo com projeção mundial.

119 medalhas Entre os 10 mil atletas que competem na Universíade de verão em Shenzhen, 210 são brasileiros. Nos jogos universitários, o Brasil já faturou 119 medalhas, sendo 24 de ouro, 29 de prata e 66 de bronze. União Soviética, Estados Unidos e a própria China foram os países que mais se destacaram em quase três décadas desde o início dos jogos universitários.