Título: Ministros com ar de candidato
Autor: Jerônimo, Josie ; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 05/09/2011, Política, p. 3
De olho nos pleitos municipais e em 2014, titulares da Esplanada aproveitam Congresso do PT para ganharem holofotes e se cacifarem nas eleições
Pré-candidato a prefeito de São Paulo com o apoio do ex-presidente Lula, o ministro da Educação, Fernando Haddad, aproveitou o 4º Congresso do PT em Brasíla para buscar apoio entre os vereadores paulistanos. No sábado, ele almoçou com o deputado Vicente Cândido (PT-SP) e alguns vereadores, entre eles, Chico Macena. "Estou caminhando", disse o ministro que, aos poucos, vai se acostumando à rotina de pré-candidato. Mesmo cacifado por Lula, Haddad sabe que dificilmente escapará de enfrentar uma prévia com outros interessados. "Sou pré-candidato e não abro mão da prévia", batia o pé, por exemplo, o deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP).
Enquanto alguns deputados observavam os movimentos de Haddad, outros acompanhavam à distância a desenvoltura com que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, circulava pelos salões do Centro de Convenções Brasil 21, ontem, e seus gestos políticos no estado de São Paulo. Dentro do PT, há quem diga que Padilha é visto como a novidade para concorrer ao governo paulista em 2014.
Em agosto, o ministro esteve diversas vezes em São Paulo, a maioria em eventos ligados ao Ministério da Saúde. Chamou a atenção de muitos, entretanto, a presença de Padilha na festa que o PT de Ribeirão Preto preparou para a filiação do juiz aposentado João Gandini. O magistrado será candidato a prefeito da cidade. No dia anterior, Padilha estava na Festa do Peão, em Barretos (SP), na mesma região.
As andanças despertaram inclusive a atenção da oposição. "Ele tem percorrido muito o estado de São Paulo, estamos atentos a esses movimentos", comentou o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP). Dentro do PT, a movimentação é motivo de alegria para alguns e apreensão para outros. "Se for candidato, terá o nosso apoio", comenta o líder do governo Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Fila Alguns deputados, entretanto, comentam nos bastidores que existe "uma fila" de candidatos a ser respeitada. Há o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o de São Bernardo, Luiz Marinho, que, por sinal, é um dos melhores amigos do ex-presidente Lula. Apesar da preferência e da torcida de alguns, Marinho tem dito que não deseja concorrer. Para muitos, a recusa abre as portas para um projeto alternativo com Padilha. O ministro da Saúde trata de tirar esses holofotes dos seus ombros. "Estou focado em ser ministro da Saúde. Foco total", afirmou ele ao Correio.
Hoje, Padilha tem domicílio eleitoral em Santarém (PA). Transferiu seu título para lá em 2002, para poder votar para presidente da República e ainda não retornou para São Paulo. Se quiser ser candidato, essa transferência tem que ser feita até outubro de 2013."Ainda bem que nem meu título é de lá. Estou trabalhando como ministro e não falo de candidatura", desconversa, sempre que alguém lhe pergunta sobre suas andanças por São Paulo. "Viajo o Brasil todo. Essa semana estive no Rio Grande do Sul, em Goiás, hoje estou em Brasília. Minha prioridade é a Saúde", despista ele.