Título: Controle da mídia é repensado
Autor: Jerônimo, Josie ; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 05/09/2011, Política, p. 3

O PT iniciou seu 4º Congresso atribuindo adjetivos à imprensa e bradando por "controle social da mídia", mas, no último dia de votações, recuou e transformou o descontentamento em uma moção de apoio pela criação de "agenda estratégica para as comunicações no Brasil". No lugar da aprovação de uma resolução detalhada informando o plano de trabalho que a bancada do partido no Congresso iniciaria para regulamentar a atuação dos veículos de comunicação, a moção do PT pela defesa do controle midiático traz uma apenas uma análise. Além do histórico na comunicação na história do partido, o texto traz visão de conjuntura e o tópico "compromissos do PT com a comunicação", em que a sigla lista a necessidade de regulação das telecomunicações, critica a acumulação de concessões e aborda a democratização na distribuição das verbas públicas de publicidade.

O resultado prático produzido pelo encontro do partido ficou aquém dos discursos mais inflamados. As falas pediam a elaboração de projeto para a criação de um conselho representativo, com o intuito de avaliar possíveis abusos da imprensa. Além disso, queriam também uma lei para regular o direito de resposta e orientações para a bancada dar a partida para a produção de uma proposta legislativa. Mesmo assim, o texto da resolução política, aprovada sem emendas que alterassem o cerne do documento inicial apresentado na abertura do congresso, manteve o que o presidente do partido, Rui Falcão, chamou de "campanha forte" para que o Congresso Nacional discuta um marco regulatório para a mídia. "Aprovamos a ideia de fazer uma campanha forte para que se aprove no Congresso o marco regulatório das comunicações, que garanta liberdade de imprensa, direito a opinião, nenhum tipo de censura de conteúdo, mas que democratize as informações no país". Apesar de defender um marco regulatório com direito à opinião, Falcão atacou o que chamou de "jornalismo partidário", apesar de defender a liberdade de expressão. "Não pretendemos fazer controle social, o que queremos é democratizar a informação, ter múltiplas versões, não queremos ter um jornalismo partidário", afirmou o presidente do partido.

Na tarde de ontem, havia a expectativa de que os delegados votassem emenda de Falcão à resolução do partido que detalharia a ação do PT na defesa do marco regulatório. A emenda não foi votada e o texto final pouco foi alterado. A assessoria do partido explicou que a moção indica manifestação de opinião, diferentemente da resolução, que tem força de regra para todos os diretórios do PT.