Título: Estreia na troca da bandeira
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Fonte: Correio Braziliense, 05/09/2011, Política, p. 5

Abertura da Semana da Pátria traz, pela primeira vez, Dilma Rousseff e Celso Amorim ao evento na Praça dos Três Poderes

Pela primeira vez desde que assumiu o governo, a presidente Dilma Rousseff assistiu ontem à cerimônia da troca da bandeira nacional. Ao lado dela, o ministro da Defesa, Celso Amorim, acompanhou o evento também pela primeira vez como titular da pasta. A troca da bandeira tem vez todo primeiro domingo do mês e foi prestigiada pela presidente devido à abertura da Semana da Pátria, comemorações que culminam com o Sete de Setembro.

Dilma estava acompanhada pela filha, Paula Rousseff, e pelo neto, Gabriel. Na tribuna, também estavam o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito.

A organização da cerimônia, na qual se revezam as Três Forças, ficou por conta da Marinha. Para homenagear a presidente, a guarda de honra foi chefiada por uma mulher, a capitã de corveta Alessandra, e um pelotão de 60 marinheiras e oficiais fechou o desfile do contigente.

Houve a execução do hino pela banda marcial dos Fuzileiros Navais e 50 crianças do projeto Força nos Esportes apresentaram a música Ode à alegria, de Ludwig van Beethoven. Ao final do evento, Dilma cumprimentou as crianças. Parceria entre os ministérios do Esporte e da Defesa, o projeto oferece atividades extra-classe no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília, para cerca de 2,5 mil crianças.

Modificações A comemoração da Independência do Brasil este ano terá como tema "Construir um Brasil que avança está em nossas mãos". O evento, orçado em R$ 900 mil, não trará grandes modificações em relação aos dos últimos anos.

Dilma decidiu não convidar um chefe de estado para participar das comemorações. O último mandatário estrangeiro a participar do Sete de Setembro foi Nicolas Sarkozy, presidente da França, que esteve na cerimônia de 2009 a convite de Lula.

A expectativa para o primeiro Sete de Setembro de Dilma Roussef e de Celso Amorim não era das melhores. A relação da presidente com as Forças Armadas sempre teve um clima de desconforto pelo fato de ela ter pertencido a uma organização armada clandestina, durante a ditadura militar, e ter sido presa em 1970 sob a acusação de ser subversiva.

A recente troca de ministros da pasta tinha tudo para aumentar o desgaste entre Planalto e Defesa. Em agosto, Nelson Jobim foi afastado depois de dar declarações que desagradaram à presidente, e Amorim foi convidado para assumir a pasta. A desconfiança vem do fato de os militares terem tido problemas com outro diplomata, José Viegas Filho, no início da gestão Lula. O então chefe da pasta pediu demissão após a divulgação de uma nota, teoricamente sem sua autorização, que defendia práticas militares contra ativistas de esquerda durante a ditadura.

A situação, entretanto, parece ter sido contornada pela dupla. No dia da posse de Amorim, Dilma afirmou que mudanças importantes sempre causam tensão, mas requerem cuidado, sensatez e escolhas bem refletidas. Amorim, valendo-se das décadas de experiência em diplomacia, foi bem aceito pela pasta.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 05/09/2011 02:20