Título: Contratos forjados
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 12/08/2011, Política, p. 2/3

As investigações revelam que representantes da empresa Sinc Recursos Humanos e Automação, de Brasília, ocultaram valores do convênio entre o Ibrasi e o Ministério do Turismo. Em conversa com Katiana Necchi, do Ibrasi, o funcionário da Caixa Econômica Federal identificado como Edmilson afirma que não existe comprovante de transferência feita entre o instituto e a Sinc, de Hugo Leonardo Gomes, depois do depósito feito na conta da empresa. O valor estimado do prejuízo é de R$ 191 mil.

A Sinc fechou contratos também com a Fundação Universa, ligada à Universidade Católica de Brasília. Assim como o Ibrasi, a Universa confeccionava documentos para garantir a aprovação das contas no Ministério do Turismo. A organização não governamental, cujo diretor de licitação é Dalmo Antonio Tavares Queiroz, montou pelo menos cinco processos licitatórios a partir de recursos públicos. O Correio mostrou ontem que a Universa já recebeu mais de R$ 28 milhões do governo federal. Dalmo e Hugo Leonardo eram responsáveis pela montagem dos processos licitatórios. Em um desses convênios, Dalmo convida a própria empresa, a Barbalho Reis Comunicação, para a licitação. Gravações telefônicas revelam Katiana acertando com Dalmo a "assessoria" para a elaboração dos documentos do convênio.

Em outro processo licitatório, a Universa convidou a Race Consult, do Paraná. A empresa é representada por Eduardo Alves Fayet. A Race "competiu" com a Barbalho ¿ a vencedora ¿ e com a Norwell Systems. Dalmo, Hugo Leonardo e Eduardo foram presos na Operação Voucher. A Race participou de outro convite da Universa, com a Jads Assessoria e Consultoria. A empresa não apresenta endereço ou telefone.

Em dezembro de 2009, o Instituto Brasileiro de Organização do Trabalho Intelectual e Tecnológico (IBT) foi anunciado como vencedor de uma cotação prévia. O valor cobrado pelo serviço prestado à Universa seria de R$ 1,5 milhão. A reportagem do Correio entrou em contato com o IBT por meio das informações contidas na proposta enviada à fundação. Na primeira ligação, um homem afirmou que ali funcionava uma empresa que cuidava somente da contabilidade do instituto e passou outro número de telefone e endereço na Asa Norte. Lá, uma mulher desmentiu o primeiro interlocutor e avisou que a empresa funcionava no primeiro endereço. "Na verdade, o IBT funciona aqui, mas em uma sala diferente. Além disso, nem cuidamos mais da contabilidade", respondeu o mesmo homem do primeiro telefonema. A segunda empresa citada, a Pool Mix, negou que teria participado do processo de contratação. Já A Kassel Consultoria, Administração e Serviços LTDA., terceira e última empresa citada, não se pronunciou. No endereço que aparece na proposta, funciona uma filial da Universidade Metodista e, de acordo com a pessoa que atendeu à reportagem, a Kassel administra o local.

A Universa não retornou os contatos do Correio. (AR, TP e IS)