Taxistas sequestram motorista da Uber

 

Um motorista do aplicativo Uber, de 22 anos, afirma que foi vítima, no sábado, 8, de uma emboscada feita por 20 taxistas, que teriam destruído seu carro e o ameaçado com uma arma. Ele foi feito refém e obrigado a circular com quatro deles por ruas da zona oeste. As agressões começaram, segundo conta, após ele atender suposto pedido de carona, que se tratava de uma armadilha. Até a noite desta segunda-feira, 10, a polícia não havia identificado nenhum dos criminosos.

O carro do motorista, um Hyundai Azera 2008, ficou “totalmente danificado”, segundo anotaram os policiais que fizeram o registro do caso. O motorista, que passa bem, percorreu salas do 15.º Distrito Policial (Itaim-Bibi) nesta segunda, dando esclarecimentos sobre o crime. Ele levou um soco no rosto e fez exame de corpo de delito.

O Uber é um aplicativo em que motoristas se oferecem para dar carona aos usuários, mediante pagamento. O caso ocorre em meio a uma série de resistências de taxistas com relação ao aplicativo, cujo serviço é descrito como “ilegal” pela Secretaria Municipal de Transportes.

 

Centenas de motoristas de táxis acompanharam votação do projeto de lei 349/2014 na Camara Municipal. O texto, que proíbe o uso de carros particulares cadastrados em aplicativos para transporte remunerado de pessoas, foi aprovado. O alvo do projetos é o aplicativo Uber, que conecta motoristas autônomos e usuários em busca de transporte

Centenas de motoristas de táxis acompanharam votação do projeto de lei 349/2014 na Camara Municipal. O texto, que proíbe o uso de carros particulares cadastrados em aplicativos para transporte remunerado de pessoas, foi aprovado. O alvo do projetos é o aplicativo Uber, que conecta motoristas autônomos e usuários em busca de transporte

Emboscada. Segundo contou à polícia, o motorista, morador da zona leste, recebeu um chamado às 3h22 para pegar um cliente na Rua Santa Justina, esquina com a Rua Clodomiro Amazonas. “Quando entrou na referida rua, percebeu a presença de aproximadamente 20 homens. Tentou logo dar ré no veículo, mas os taxistas fecharam a rua, impedindo sua passagem”, segundo o registro do caso. Os homens não estavam com táxis. Cercado, ele foi xingado enquanto os taxistas arremessavam pedras no veículo. 

O rapaz, então, saiu do carro e tentou correr. Mas foi alcançado por quatro taxistas - dois descritos como “gordos”, um careca e outro de cavanhaque. Um deles estava armado. O quarteto o obrigou a entrar em um táxi, um modelo Chevrolet Cobalt. Ele circulou no carro “cerca de 20 a 30 minutos”, e foi abandonado na Rua Funchal, perto da Avenida dos Bandeirantes, quando conseguiu pedir socorro.

O delegado Marco Aurélio Batista, titular do 15.º DP, afirmou nesta segunda que policiais percorreram os locais onde o caso ocorreu para buscar câmeras de segurança. Mas afirmou que ainda não havia identificado nenhum dos agressores. 

A categoria dos taxistas, por sua vez, já agiu para identificar os criminosos. Carlos Laia, secretário-geral do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de São Paulo (Simtetaxis), declarou que um dos taxistas que fizeram a emboscada já foi identificado e o nome dele foi passado ao Departamento Municipal de Transportes (DTP). “O sindicato levou o caso para o setor de disciplina do DTP. Também vamos ajudar a polícia”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo (Sinditaxi), Natalício Bezerra, disse que “o ataque não foi cometido por taxistas, mas sim por criminosos”. Ele repudiou a ação contra o motorista, mas mantém as críticas feitas ao aplicativo.

Por meio de nota, a Uber, empresa que fornece o aplicativo usado no serviço, classificou a ação como “ato de barbárie” e informou que está prestando assistência ao motorista agredido. Uma das críticas ao serviço é a falta de vínculo empregatício entre empresa e motoristas.

Reação. Já a Prefeitura informou que, “ao tomar o conhecimento” do ataque, o prefeito Fernando Haddad (PT) “pediu à Secretaria Municipal de Transportes que inicie o processo administrativo de cassação dos alvarás dos taxistas que tenham comprovadamente participado do crime”.