Às vésperas de protesto, PSDB faz atos de filiação em todo o país

 

Os diretórios regionais do PSDB, em todo o país, vão fazer atos de filiação na sextafeira, dois dias antes da manifestação de 16 de agosto, e aproveitar os eventos para mobilizar a população, principalmente jovens, para o domingo. O ato maior será em Maceió, com a participação do presidente nacional do partido, Aécio Neves, governadores e lideranças do partido. Por lá, Aécio iniciará suas viagens pelo país. Para setembro, ele anunciou a realização de um grande encontro dos diretórios regionais no Nordeste, possivelmente em Recife. O ato de mobilização no Rio será na estação Carioca do metrô, às 11h.

— Vamos marcar presença nesses eventos e fazer uma mobilização de convocação para a marcha de domingo — disse o deputado Otavio Leite ( PSDB- RJ).

Aécio se reuniu ontem com os dirigentes dos 27 diretórios tucanos e discutiu, entre outras ações, as mobilizações para o 16 de agosto nos estados.

— No Pará, vamos botar 1/ 3 do Círio de Nazaré, que leva dois milhões de pessoas para as ruas. Queremos colocar pelo menos 500 mil pessoas — comunicou o senador Flexa Ribeiro ( PSDB- PA).

A expectativa dos tucanos é que haverá um aumento de manifestantes nas capitais e nos grandes centros. A orientação é para que parlamentares e lideranças participem como cidadãos, sem bandeiras ou discursos para não caracterizar a partidarização do movimento.

— Enquanto nosso principal adversário se esconde, vamos conversar com a sociedade brasileira. Vamos focar nos jovens nesses eventos de filiação. Chegou a hora de haver o encontro da insatisfação da sociedade, nas ruas, com a política participativa, para dar consequência as reivindicações — disse Aécio, que ainda não decidiu como participar pessoalmente da manifestação de domingo.

— Não há como desvincular esses atos de filiação nos estados com as manifestações de domingo. A nossa percepção é que há uma grande expectativa para essa marcha, principalmente no Nordeste. Há uma mudança sistêmica de humor em todo o país, mas no Nordeste, o que antes era impensável, hoje Aécio vence Lula em qualquer lugar — disse o deputado Bruno Araújo ( PSDB- PE).

ADESÃO DE PARLAMENTARES

O vice- presidente do diretório estadual de Alagoas, Pedro Vilela, lembrou que o grande ato de filiação em Maceió vai marcar o início da caravana de viagens que Aécio fará pelo país para agradecer a votação de 2014 e planejar as eleições de 2016 e 2018.

Além da filiação de militantes, o PSDB prepara para receber a adesão de parlamentares e governadores, como Pedro Taques, de Mato Grosso, que anunciou a desfiliação do PDT.

— O governador Pedro Taques sempre votou e teve uma atuação muito próxima de nós no Senado. Essa saída do PDT vai lhe dar mais liberdade para agir como pensa. As portas do PSDB estarão sempre abertas para homens da estatura moral de Pedro Taques — disse Aécio.

 

‘A pauta- bomba não explodirá. Confio no Parlamento’, diz Cardozo

 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem acreditar que o Congresso não aprovará projetos prejudiciais à sociedade brasileira só para desgastar o governo diante da opinião pública. Para o ministro, a chamada pauta- bomba “não explodirá”.

JORGE WILLIAMCrise.

A pauta- bomba foi intensificada a partir da divulgação de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), teria pedido US$ 5 milhões de propina ao delator Julio Camargo para favorecer um contrato da Samsung Heavy Industries com a Petrobras. Cunha nega ter recebido dinheiro.

— Não é possível que alguém queira investir na instabilidade, naquilo que faz mal aos brasileiro e às brasileiras. Ou seja, não é possível que pessoas queiram trazer um malefício ao país quando têm a honra e o dever de defendê- lo. Por isso, eu confio no bom senso parlamentar. Eu confio que ninguém quererá atacar o governo atingindo brasileiros e brasileiras. A pauta- bomba, portanto, eu confio, ela não explodirá. Eu confio no Parlamento brasileiro — disse Cardozo.

O ministro fez a declaração depois de participar de uma audiência

Cardozo: “Não é possível que alguém queira investir na instabilidade” na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara sobre o caso das “pedaladas fiscais”. Durante e depois do debate com os parlamentares da comissão, Cardozo reafirmou que o governo não cometeu qualquer irregularidades ao recorrer a dinheiro de bancos públicos para cobrir despesas de programas sociais nos últimos anos. O caso deve ser julgado pelo Tribunal de Contas da União ( TCU) nos próximos dias.

— Não acredito em julgamento desfavorável no TCU. Nós temos uma situação que não é de operação de crédito, mas de prestação de serviço. Não se pode dizer, em nenhum momento, que tenha havido violação da Lei de Responsabilidade Fiscal — disse o ministro.

Cardozo argumentou que, desde a vinda da Lei de Responsabilidade Fiscal, na gestão do expresidente Fernando Henrique, governos recorreram ao mesmo expediente. Então, para ele, não seria correto fechar o olhos para o passado e agora reprovar os procedimentos. Para Cardozo, qualquer eventual restrição deve ser para decisões futuras:

— Mesmo se o TCU entender que houve ilegalidade, isso teria que ser visto daqui para frente, porque todos os governos fizeram ( pedaladas).

Depois de ouvir o ministro, Pauderney Avelino ( DEM- AM) disse acreditar que o governo fez operações financeiras sem respaldo legal:

— O governo tem, sim, que dar explicações. Acredito que o TCU não aprovará as contas.