Título: Presidente blindado dos protestos
Autor: Jeronimo, Josie ; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 08/09/2011, Política, p. 2

A poucos metros do desfile, cerca de 40 mil manifestantes, segundo estimativas da Polícia Militar, marcharam pedindo o fim da corrupção. Apesar da proximidade, a presidente Dilma Rousseff foi "blindada". A passeata seguiu pela faixa sul do Eixo Monumental, longe o suficiente da vista e dos ouvidos de quem assistia à cerimônia. Tapumes impediram que a marcha se aproximasse do desfile.

As manifestações eram um tanto difusas. Parte dos manifestantes carregava faixas de apoio à "faxina da Dilma" enquanto outros criticavam diretamente o governo, afirmando que trocar ministro não põe fim ao esquema de corrupção. Mas a estrela do protesto foi Jaqueline Roriz (PMN-DF), para quem os manifestantes entoaram gritos de ordem pedindo sua saída.

Dilma deixou o tribuna presidencial por volta das 11h, antes de o protesto alcançar a altura do desfile. Todos os anos os presidentes costumam ir embora nesse horário, pouco antes do início da apresentação da esquadrilha da fumaça. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), defendeu o Planalto: "O governo tem sido o maior batalhador para que a malversação do dinheiro público seja investigada. Não tem nenhum constrangimento", disse.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também saiu em defesa de Dilma. Ele negou que a marcha contra a corrupção tenha constrangido o governo. "Da parte do Poder Público é um dever combater a corrupção. A presidente da República ressalta isso. Portanto, acho que a sociedade faz uma manifestação legítima", disse Cardozo, em entrevista antes de deixar o evento.

Questionado sobre o isolamento dos manifestantes, Cardozo justificou que a separação do público é algo característico nas solenidades do Sete de Setembro. O ministro destacou a importância da manifestação, que, segundo ele, sinaliza um claro avanço da democracia brasileira.

Durante a concentração da marcha, houve um bate-boca entre os organizadores do evento e militantes do Partido Socialista (PSol). Eles chegaram com bandeiras e camisetas da sigla e a idealizadora da Marcha, Luciana Kalil, pediu que eles se retirassem. "Nosso protesto não tem partido. Não queria que fosse levantada nenhuma bandeira", explica a organizadora. Dois militantes reagiram e a acusaram de não ter "nenhuma informação política".

O governo tem sido o maior batalhador para que a malversação do dinheiro público seja investigada. Não tem nenhum constrangimento" Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados