Título: Descrédito aumentou
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 08/09/2011, Economia, p. 15

Por melhores que sejam as explicações do Banco Central na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), dificilmente os analistas reverterão as projeções de inflação para 2012, considerada vital para medir o quanto a autoridade monetária está comprometida em levar os índices de preços para o centro da meta, de 4,5%. O consenso é de que, se os reajustes ficarem entre 5,5% e 6%, já será uma vitória.

Para o mercado, a credibilidade do BC ficou arranhada. Mesmo entre os economistas mais comedidos, é visível o desconforto com a forma como o Copom cortou 0,5 ponto na taxa básica de juros (Selic), para 12% ao ano. Por tudo o que vinha dizendo, esperava-se, no máximo, que os juros parassem de subir na semana passada e que houvesse sinais de afrouxamento na política monetária. "Daqui por diante, mais do que tudo, o BC contará com a sorte para que o agravamento da crise externa se confirme", disse um analista. "Se a instituição falhar, o regime de metas de inflação do Brasil terá se esfacelado", acrescentou.

Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, é preciso dar um voto de confiança ao BC, pois há espaço para a inflação cair, já que o nível de atividade esfriará. Mas será importante que o governo faça a sua parte para resgatar a confiança da política monetária. Ou seja, cortar gastos e não anunciar arrocho fiscal apenas pelo aumento da arrecadação. (VM)