Aécio vai a ato em BH: ‘Indignação é enorme’

 

O globo, n. 29960, 17//08/2015. País, p. 6

 

Ao contrário dos protestos anteriores, que contaram com a presença de poucos políticos, as manifestações de ontem tiveram a participação de integrantes da oposição, principalmente tucanos, que também participaram da convocação dos atos. Em Belo Horizonte, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, procurou minimizar o número menor de pessoas em relação ao protesto de março dizendo que “não importa o tamanho da manifestação, porque a indignação hoje é enorme”.

AFP/DOUGLAS MAGNOEstreia. O senador Aécio Neves (PSDB) em ato que reuniu 6 mil na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte

Parlamentares do PT recorreram às redes sociais para comentar os protestos. O tom foi de pedido de respeito ao resultado das eleições. O senador Humberto Costa (PT-PE) ironizou o ato de Minas, chamado por ele de “CarnaCoxinha”, contrariando orientação do Planalto para evitar provocações.

A manifestação em Belo Horizonte reuniu 6 mil pessoas na Praça da Liberdade, e Aécio chegou a ser carregado e chamado de presidente por parte dos presentes.

— O Brasil vai encontrar o seu caminho pela força de sua gente, pelas manifestações que estão ocorrendo por toda a parte. Não importa o tamanho, porque a indignação hoje é enorme, maior que na época das eleições, mas o Brasil é mais forte que tudo isso. Não sei se esse governo consegue superar — avaliou.

Aécio cobrou do Tribunal de Contas da União isenção na análise das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. O senador tucano disse que os tribunais não podem sofrer constrangimento:

— Estou aqui para fazer um brado das instituições. Não podemos permitir que os nossos tribunais sejam, de alguma forma, constrangidos pelo governo federal. Façam o que tem que fazer, julguem com isenção.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, o senador tucano José Serra circulou entre os manifestantes por cerca de uma hora e não discursou:

— Estou vindo para ver qual é o sentimento das pessoas. Naturalmente, tudo tem que ser feito dentro da Constituição, das leis e das evidências — disse, ao ser perguntado se defendia o impeachment da presidente.

Outro senador do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP) participou da manifestação em Brasília e disse que seu partido apoia os protestos, embora não os lidere. Aloysio avaliou que as pessoas não estão mais aceitando a corrupção.

— O PSDB participa, apoia, mas não lidera nem tem pretensão de conduzir este movimento, que é da sociedade. O que é absolutamente indiscutível é que a população maciçamente reprova este governo. A rejeição da presidente é oceânica — afirmou.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), disse no Twitter que as manifestações refletem o desejo da população: “O que eu ouvi hoje nas ruas, frente a frente com milhares de pessoas, resume fielmente o sentimento de 71% dos brasileiros que querem o fim deste governo”.

Pelo lado do governo, a orientação foi de evitar qualquer tipo de provocação. Apesar do pedido, o senador Humberto Costa (PT-PE) usou o Twitter para publicar foto de manifestantes de Minas Gerais dizendo “Não adianta isolar o Cunha. Hoje somos milhões de Cunhas”. Na legenda, escreveu: “Resumo do “CarnaCoxinha”.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que os protestos são da democracia e pediu aos petistas que não alimentem o ódio. “Aos meus eleitores e aos que acompanham nosso trabalho: a Democracia brasileira foi construída com muita luta! Vamos defendê-la sempre. Não alimentemos o ódio contra aqueles que têm ódio e intolerância contra nosso governo. Nossa resposta: viva a Democracia e a República! Nascemos nas ruas e é com as ruas que Dilma vai seguir liderando as mudanças no Brasil! Os atos de hoje são próprios da democracia”, escreveu no microblog.

O deputado Carlos Zaratini (PT-SP) publicou foto de Dilma, com a frase “Eu brigo até a hora do voto, depois eu respeito o resultado da eleição”, pronunciada pela presidente, na última quinta, em ato com movimentos sociais. “Manifestações são democráticas e devem ser respeitadas, assim como o governo democrático da presidente Dilma”, disse, usando a hashtag “não vai ter golpe”.