Título: Prioridade desvalorizada
Autor: Correia, Karla ; Filizola, Paula
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2011, Política, p. 2/3

O aumento dos recursos destinados à Saúde nos últimos 10 anos acompanhou o crescimento econômico do Brasil, passando de R$ 27,2 bilhões desembolsados em 2001, para uma previsão orçamentaria superior a R$ 77 bilhões neste ano. No entanto, o setor que é considerado pela população como principal prioridade para o país ¿ superando educação e segurança pública, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ibope ¿ continua recebendo percentual menor de recursos do governo federal na comparação com a maioria dos países desenvolvidos e até mesmo com os vizinhos na América do Sul, como a Argentina.

Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, apesar do aumento significativo nos investimentos durante a última década, o sistema público brasileiro de saúde está distante dos índices ideais dos gastos no setor. "É inquestionável que a saúde precisa de mais recursos. Principalmente quando comparamos o Brasil com vários países. É uma questão que está presente nos três níveis: municipal, estadual e federal, e precisa de uma atenção ampla para ser modificada", alerta Wilson Rezende Silva, do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A comparação do total de recursos investidos entre Brasil, Argentina, Estados Unidos e França na saúde pública desde 2001 aponta que os brasileiros que dependem do serviço federal na saúde continuam recebendo menos repasses ao longo dos últimos anos. No início da década, os valores correspondiam a 7,2% do total de gastos diretos do governo federal, contra 13,2% aplicados pelos norte-americanos, 10,1% pelos franceses e 8,9% pelos argentinos. Quase 10 anos depois as quatro nações registraram aumentos no percentual destinado à Saúde, mas o Brasil permanece atrás na comparação com os outros três países: em 2009, o governo destinou 9% das despesas para a Saúde, já a Argentina pulou para 9,5%, a França elevou os investimentos para 11,7% e os EUA chegaram a 16,2%.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 11/09/2011 12:01