Debandada do PT é por interesse eleitoral, diz Falcão

 

FERNANDA KRAKOVICS

MARIA LIMA

 

 Em meio à debandada de políticos do PT, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou ontem no site da legenda que aqueles que deixam o partido são movidos “por projetos personalistas e/ ou interesses eleitorais”.

“Em vários estados, atos em defesa da democracia e do mandato popular da presidenta Dilma ocorrem simultaneamente a novas filiações, numa espécie de resposta aos que deixam o PT, na quase totalidade movidos por projetos personalistas e/ ou interesses eleitorais”, escreveu Falcão.

Deputado federal mais votado pelo PT no Rio, Alessandro Molon deixou o partido na semana passada, após 18 anos, e foi para a Rede, de Marina Silva. Descontentes com a política econômica do governo Dilma Rousseff, pelo menos dois senadores e três deputados do PT estão de malas prontas para sair do partido. São eles os senadores Paulo Paim ( RS) e Walter Pinheiro ( BA) e os deputados Weliton Prado ( MG), Assis do Couto ( PR) e Toninho Wandscheer ( PR). Em São Paulo, a legenda já contabilizou a saída de 12 de seus 68 prefeitos. No Rio, três dos dez prefeitos eleitos em 2012 já deixaram o partido.

REFORMA MINISTERIAL NA PAUTA

Já no comando da articulação política do governo, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, reuniu- se ontem à noite com a bancada de senadores do PT e com Rui Falcão para discutir o redesenho da Esplanada na reforma ministerial que deverá tirar espaço do PT e entregar para o PMDB. Ao ser questionado se o PT cederia uma cota maior de participação no governo para segurar o PMDB, Berzoini não descartou essa possibilidade.

— O PT se sente muito bem representado no governo pela maior liderança do país, que é a presidente Dilma Rousseff. Então, vamos ter todas as condições de estruturar a presença do partido no governo de acordo com a correlação de forças nacionais e de acordo com os interesses maiores do país. Temos que olhar para os interesses do Brasil e colocar os partidos alinhados com eles — admitiu Berzoini.

Segundo o ministro, o PMDB é “um partido importante pela capilaridade nacional” e “tem dado contribuição muito grande para o ministério da presidente Dilma, como deu para o ministério do presidente Lula.”

— Temos condições de chegar a um bom resultado.

Na reta final da montagem do novo ministério, lideranças de PT e PMDB vêm realizando uma maratona de reuniões. Rui Falcão disse que, depois da reunião com os senadores, teria mais reuniões ainda ontem. O ex- presidente Lula também deve se reunir com a cúpula do PT para discutir a necessidade de o partido abrir mão de pastas importantes, como o Ministério da Saúde, para segurar o apoio do PMDB a Dilma.