Desafios depois da reunificação

 

DIRK BRENGELMANN

 

Há 25 anos, efetuou- se a reunificação da Alemanha. Foi em 3 de outubro de 1990, quando a então República Democrática Alemã incorporou- se à República Federal da Alemanha. Esse acontecimento foi o mais importante da História alemã no PósGuerra. O Leste e o Oeste do nosso país puderam crescer juntos depois de décadas de divisão.

A reunificação da Alemanha e a posterior integração do Leste europeu à União Europeia são dois lados de um mesmo processo histórico, a queda da Cortina de Ferro. Internacionalmente, isso provocou o fim do confronto bipolar dos blocos.

Mas, desde então, a situação internacional não se acalmou. Uma série de conflitos atuais nos desafia internacionalmente, em especial nos arredores da Europa. Nesse contexto, observamos também uma erosão de padrões bem conhecidos, no sentido de que conflitos atuais acontecem menos entre estados, mas são mais caracterizados por ameaças de atores não estatais como os grupos Estado Islâmico ou Boko Haram. É necessário haver uma efetiva cooperação entre os países para poder enfrentar os atuais desafios globais.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial há 70 anos, foi concedida à Alemanha a oportunidade de se integrar gradativamente à comunidade internacional. Além do jubileu da reunificação alemã, há muitas outras comemorações em 2015 que traçam os passos desse processo: a criação das Nações Unidas há 70 anos, a adesão da Alemanha à Otan há 60 anos, o aniversário de 50 anos das relações da Alemanha com o Estado de Israel.

Hoje, a Alemanha está consolidada na União Europeia, na Otan e na ONU, assim como ligada economicamente ao mundo como poucos países. Isso significa também: tornamo- nos um parceiro respeitado, um país que participa da configuração da comunidade internacional. A Alemanha hoje — após 25 anos da reunificação — está disposta a aceitar esse papel. E não apenas porque, como país interligado globalmente, temos um interesse próprio em uma ordem internacional pacífica e eficaz, mas também por causa da responsabilidade histórica. Em consciência de sua história, a Alemanha precisa se engajar de forma particular na busca por soluções diplomáticas de conflitos e por estruturas que assegurem a paz.

E assim estamos tentando: seja através do acordo sobre as negociações nucleares com o Irã; seja através de nosso engajamento para solucionar o conflito na Ucrânia; seja com relação à Síria e à Líbia, não só apoiando no sentido de receber os refugiados, mas também com o intuito de contribuir para uma solução política in locu — apenas para citar alguns exemplos. A reunificação da Alemanha, há 25 anos, foi um sucesso da diplomacia internacional. Por isso, esse aniversário nos lembra mais uma vez a importância de valorizar o papel da diplomacia na busca por soluções de conflitos no mundo.

 

Dirk Brengelmann é embaixador da Alemanha no Brasil