Título: Eu faço questão de ver o réu
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2011, Brasil, p. 12

Escolhido para substituir Patrícia Acioli, de quem foi colega quando ambos eram defensores públicos, na Baixada Fluminense, área violenta do Rio de Janeiro, na década de 1980, Fábio Uchôa está acostumado a correr risco. No 1º Tribunal do júri da capital, julgava processos semelhantes aos de patrícia e receba escolta policial. Hoje na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, a proteção dispensada ao juiz continua a mesma. Medo não faz parte da personalidade do magistrado, que, ao contrário do que defendem associações que representa a categoria, critica a ideia de justiça sem rosto. Faz questão de olhar no olho do réu, assim como reconhece o direito do acusado de saber quem baterá o martelo. Confira trechos da entrevista concedida por Fábio Uchôa ao Correio

Como está a rotina no Fórum desde a morte da juíza Patrícia?

Está correndo tudo bem, de forma tranqüila. Depois que nos inteiramos dos processos, da rotina, conseguimos retomar o trabalho. Não registramos nenhum incidente. Vários julgamentos estão sendo feitos, além de decisões relativas a processos em andamento.

A decisão de transferir o senhor com outros dois magistrados para o lugar de Patrícia despersonaliza as decisões, conforme anunciado pelo judiciário?

Não despersonaliza as sentenças ter mais de um juiz no caso. Embora eu possa me revezar com colegas nas audiências de instrução, no, júri, a sentença sempre tem que vir assinada. O nome de quem deu a sentença sempre estará ali. E é assim que tem que funcionar.

O senhor não concorda, então com o modelo do juiz sem rosto, inspirado na experiência italiana, para proteger o magistrado?

Não concordo.O juiz que não se sente seguro de trabalhar numa vara criminal que procure outra área. Mas ele não pode se furtar de assinar uma sentença. Eu faço questão de ver o réu, sua fisionomia, saber quem eu estou julgando. Sinto necessidade disso. Da mesma forma, acredito ser um direto legitimo dele saber quem o julgará, ter essa curiosidade.(RM)