Brasil recua 18 posições em lista de mais competitivos

 

JOÃO SORIMA NETO

O globo, n. 30004, 30//09/2015. Economia, p. 20

 

O país caiu 18 posições, para 75 ª , no ranking do Fórum Econômico Mundial sobre competitividade. Em agosto, o governo central teve déficit fiscal de R$ 5 bilhões. - SÃO PAULO- O aumento dos gastos do governo, a incapacidade de fazer o ajuste fiscal, a crise política e a corrupção investigada pela Operação Lava- Jato contribuíram para que o Brasil perdesse 18 posições no ranking global de competitividade, de acordo com o Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, e atingisse sua pior posição na série histórica que, com a metodologia atual, começou em 2006. Na edição 2015/ 2016 do levantamento, o país aparece na 75 ª posição entre 140 nações, frente ao 57 º lugar ocupado no estudo anterior. Em 2012, o Brasil ocupava a 48 ª posição no ranking, seu melhor desempenho, considerando a atual metodologia.

Na atual posição, o Brasil tem o pior resultado entre o Brics, grupo de nações emergentes integrado por Rússia ( 45º do ranking), China ( 28 º ) , Índia ( 55 º ) e África do Sul ( 49ª) . Já em relação aos países da América Latina, o Brasil só está à frente de Argentina ( 106 º ) , Bolívia ( 117 º ) , Paraguai ( 118º ) e Venezuela ( 132 º ) . Mesmo sendo a sétima maior economia entre os 140 países da lista, o Brasil perde em competitividade para países pequenos como o Uruguai ( 73 ª posição) e o Chile ( 35ª) .

— O país foi o que mais perdeu posições no ranking porque sofre com a deterioração de fatores básicos para a competitividade, como falta de confiança nas instituições, situação das contas públicas, incapacidade de inovar e problemas com educação — afirma Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, que coordena a pesquisa no Brasil.

SISTEMA TRIBUTÁRIO INADEQUADO

Segundo ele, há fatores conjunturais, como o baixo crescimento econômico e a crise política, que começaram a se evidenciar desde o ano passado. Mas há outros, de longa data, que já vêm sendo apontados nos últimos levantamentos e continuam empurrando o país para a parte inferior do ranking. Entre eles, estão o sistema tributário inadequado, falta de um marco regulatório, infraestrutura deficiente, baixa produtividade e educação de má qualidade.

As entrevistas com 197 executivos do país, que são a parte opinativa do levantamento, foram feitas de março a maio deste ano. Já as estatísticas referentes à situação econômica, educacional e saúde, entre outras, de cada país são de 2014. Os resultados mostraram que o Brasil retrocedeu em nove dos 12 pilares analisados. O país foi mal avaliado no pilar “instituições”. As questões éticas nas relações entre o setor público e privado e a corrupção foram citados como fatores de desconfiança no Estado. No quesito “ambiente econômico”, a percepção negativa foi ainda maior, com os entrevistados citando o déficit do Orçamento do governo.

— O aumento de gastos do governo, a perda de controle do Orçamento evidenciam um modelo estrutural que é inviável no longo prazo — diz Arruda.

SUÍÇA LIDERA LISTA

No capítulo da educação, o estudo mostrou perda de qualidade geral na educação primária e redução das matrículas. A pesquisa também perguntou aos executivos quais as maiores barreiras para se fazer negócios no país. No Brasil, a grande quantidade de impostos foi apontada como o maior entrave, seguida por leis trabalhistas restritivas, corrupção, infraestrutura ineficiente e burocracia.

No topo do ranking, pelo sétimo ano consecutivo, ficou a Suíça. O país é apontado como líder em inovação, com excelente sistema de educação e mercado de trabalho eficiente. Na segunda posição, ficou Cingapura, seguida de EUA.