Nelson Barbosa: CPMF é ‘ plano A, B, C e D’ do governo

 

CRISTIANE JUNGBLUT, ELIANE OLIVEIRA E JOÃO SORIMA NETO

O globo, n. 30004, 30//09/2015. País, p. 7

 

 O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse ontem que a recriação da CPMF é o plano “A,B, C e D” do governo para recuperar a receita e cobrir o déficit no Orçamento. A intenção é arrecadar R$ 32 bilhões com o tributo só no próximo ano.

UESLEI MARCELINO/ REUTERSIrritação. Barbosa defendeu o governo e a adequação da política econômica

— O governo mandou a proposta que achou necessária ( para recompor os seus gastos). Apesar das dificuldades, mantemos essa proposta como plano A,B, C, e D, porque a consideramos menos extorsiva e mais adequada neste momento, mesmo com suas dificuldades regimentais, de tramitação ou políticas — declarou.

Barbosa disse ainda que a pressão dos governadores de aumentar a alíquota dos 0,2% propostos para 0,38%, como forma de ficar com parte da arrecadação, é um debate do Legislativo.

— Essa é uma discussão adicional à proposta do governo. Se eventualmente há incorporação de demandas regionais, é uma discussão mais federativa, que está acontecendo no Congresso — afirmou.

Falando uma sessão esvaziada da Comissão Mista de Orçamento ( CMO), o ministro do Planejamento não escondeu sua irritação com o bombardeio de perguntas do deputado Caio Nárcio ( PSDB- MG). Barbosa defendeu a presidente Dilma Rousseff, afirmando que ela não mentiu ao dizer na campanha eleitoral de 2014 que não criaria impostos e ressaltou que o governo adotou um comportamento “corajoso” ao propor a recriação da CPMF.

— Não acho que foi mentira, não acho que foi um recuo. Foi atitude de adequar a política econômica à evolução da conjuntura da economia brasileira. Exige medidas como essa, mesmo que elas sejam impopulares no curto prazo. No médio prazo, já a partir da metade do ano que vem, começa a ter um resultado positivo sobre a economia. Não foi uma falta com a verdade. Foi um comportamento corajoso de cumprir o que se espera do governo com o equilíbrio fiscal — disse Barbosa.

Para o ministro, é preciso recuperar a capacidade do governo de promover um resultado primário em nível suficiente para manter estável a dívida pública.

— A política fiscal é a perna mais importante desse esforço, porque ela é a base, a âncora da estabilidade fiscal. Mas é um processo gradual. O tempo da política fiscal é um pouco mais prolongado, envolve a aprovação de medidas no Legislativo — ressaltou Barbosa.

LEVY: JUROS NÃO DEVEM CAIR

Também ontem o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que a questão fiscal é atualmente a maior fonte de incertezas para todo mundo, e que os juros não devem cair enquanto não houver equilíbrio das contas públicas. A uma plateia de empresários em São Paulo, Levy fez uma defesa enfática da atual política econômica do governo, um dia depois de receber críticas da Fundação Perseu Abramo, mantida pelo PT, que divulgou documento afirmando que o ajuste tem gerado desemprego, aumento da informalidade e desvalorização do salário real.

— Temos primeiro que acertar no fiscal, que é a maior fonte de incerteza para todo mundo. Se não sei o que vão ser meus impostos daqui a três, cinco ou dez anos, vou ter dificuldade de investir. E isso vale para o cidadão. O ajuste é o elemento de uma estratégia clara do governo, e não se pode criar uma cizânia em torno dele.