Título: Famílias omissas
Autor: Araújo, Saulo ; Almeida, Kelly
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2011, Cidades, p. 29

Jovens familiarizados com o álcool antes da idade adulta, muitas vezes, contam com a conivência dos pais. Criados em meio à cultura de que "festa boa é regada a bebida alcoólica", crianças e adolescentes são incentivados a dar o primeiro gole com o argumento de que, se estão perto dos responsáveis, os riscos são menores.

Para a psicóloga e vice-presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos no Brasil (Junaab), Maria Luci Porto, é comum que meninos e meninas tenham predisposição para o álcool, principalmente quando um parente próximo tem ou encontrou dificuldade para deixar a dependência. "Uma criança pode ter um avô ou um pai alcoolista e, se não houver um cuidado, ela pode se tornar um dependente ainda jovem. Tenho um paciente de 7 anos. Toda festa em família ele bebia o que via pela frente sem os pais notarem. O pai dele é alcoolista e essa criança tem predisposição. Com a psicoterapia, conseguimos controlar a situação, mas serve de exemplo para as famílias", conta.

Maria Luci critica aqueles que tratam a questão do álcool como algo comum dentro de casa. "O pai que pede para a criança pegar uma cerveja na geladeira, que molha a chupeta do bebê no vinho ou que obriga o filho a comprar bebida no bar está familiarizando a criança com a bebida. Isso é um grande erro e um grande risco para a formação dela", alerta a especialista. (SA)