Título: Vigília pacífica na embaixada
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 21/08/2011, Mundo, p. 22

Depois da confusão na embaixada líbia, na sexta-feira, manifestantes contrários ao regime de Muammar Kadafi entraram em acordo com o embaixador para manter uma vigília na sede diplomática. O grupo vai permanecer pacificamente no local ao longo do fim de semana, aguardando a queda do ditador. Até lá, nenhuma bandeira será hasteada ¿ nem a oficial, nem a dos rebeldes. Dois policiais militares do Batalhão Rio Branco, que faz a segurança para autoridades diplomáticas, estão monitorando a entrada do prédio, para garantir que os distúrbios não se repitam.

O acerto entre os manifestantes e o embaixador, Salem Al-Zubeidi, foi feito após o jantar do Ramadã, mês sagrado durante o qual os muçulmanos observam jejum da alvorada ao pôr do sol. O grupo favorável aos rebeldes, formado por cerca de 30 pessoas, deixou a embaixada às 3h de ontem. Alguns voltaram ao prédio às 14h30. "Nós conversamos com o embaixador. Nenhuma bandeira vai ser erguida. Podemos ficar até segunda-feira, e depois desse prazo vamos ver o que acontece", disse o empresário Mohamed Elzwei, que vive em São Paulo e veio a Brasília acompanhar o desenrolar da crise na Líbia.

Elzwei e seus compatriotas favoráveis à queda de Kadafi acreditam que o fim do ditador está próximo. "Ninguém mais reconhece esse governo, estamos só aguardando a saída oficial. Às vezes, Kadafi manda um recado pelo telefone, dizendo que vai resistir, mas ele está sozinho", afirma o empresário. Abdallah Al-Hamdy, outro simpatizante dos rebeldes, concorda. "É só uma questão de tempo", diz. Al-Hamdy foi um dos feridos na briga entre opositores e partidários do coronel, na sexta-feira. Ontem, ele foi ao Instituto Médico Legal e anunciou que vai anexar o laudo à queixa de agressão que fez na polícia. O documento será levado ao Itamaraty.

Tour no aeroporto A despeito de todas as especulações sobre a queda iminente de Muammar Kadafi, o governo oficial levou ontem a imprensa para o Aeroporto Internacional de Trípoli. A ideia era mostrar aos repórteres que o controle do terminal continua nas mãos do coronel. Horas antes, alguns sites tinham noticiado que o aeroporto havia sido tomado pelos rebeldes. A estação de rádio Libya Hurra, em Misrata, afirmou que mais de 10 mil pessoas estavam aderindo à revolta na capital líbia. Os opositores do regime afirmaram que a notícia era falsa e a atribuíram aos próprios aliados de Kadafi, que teriam a intenção de mostrar o poder do ditador para jornalistas internacionais.