Os Estados Unidos passaram o Mercosul como principal comprador da indústria brasileira. De janeiro a agosto, os EUA compraram US$ 12,1 bilhões de produtos industrializados do Brasil, enquanto os outros quatro países do bloco, incluindo a Venezuela, importaram US$ 11,9 bi. A América Latina sente os efeitos da queda dos preços das matérias-primas; a economia americana dá sinais de vigor.

Erro estratégico

O Brasil poderia ter números melhores de exportação industrial para os EUA. Vejam no gráfico que essas vendas estão praticamente estagnadas desde 2012. As compras do Mercosul é que passaram a cair. O governo Dilma não apostou nos americanos como parceiro comercial e focou em outros mercados, segundo José Augusto de Castro, da AEB. “O Brasil não fez nenhum esforço para entrar nos EUA, e agora eles são o único país aumentando as importações.”

Espionagem esfriou relações

Também atrapalhou o Brasil a denúncia de espionagem do governo americano. As relações diplomáticas entre os dois países esfriaram, e somente este ano, com o agravamento da crise econômica brasileira, a presidente Dilma foi aos EUA com uma visão mais pragmática de comércio.

Cautela com o câmbio

Mesmo com a alta do dólar, a postura do exportador brasileiro é de cautela, por causa da forte volatilidade, segundo José Augusto de Castro. A empresa que precisar fechar contratos neste clima de incerteza vai adotar uma postura conservadora, utilizando o câmbio na casa de R$3,2 ou R$3,3, para não correr o risco de ter prejuízo com a conversão. “Se eu fizer o cálculo com o dólar aR$ 4, e ele voltar para R$ 3,5, eu levo prejuízo. A desvalorização é importante, mas é preciso um pouco de estabilidade na taxa para ajudar o setor”, disse Castro.

Saldo mais forte

A AEB estima um saldo maior na balança comercial deste ano. Em julho, previa resultado positivo de US$ 8 bilhões para 2015 e agora revisou o número para US$ 9,7 bilhões. As exportações vão cair muito, mas as importações terão um tombo maior. Isso quer dizer que, apesar do saldo positivo, haverá um enfraquecimento da corrente de comércio.

Interesse britânico

Mesmo com as dificuldades, a Petrobras continua atraindo interesse estrangeiro. Alex Ellis, embaixador do Reino Unido no Brasil, conta que a capacidade técnica da estatal é vista com bons olhos pelas empresas britânicas do setor. O investimento da petrolífera tem caído, mas ela ainda é uma gigante, lembra Ellis. As britânicas BP Energy e Premier Oil estão inscritas para a 13ª rodada de licitações de petróleo, prevista para outubro. A moeda inglesa deve ajudar, porque tem alto poder de compra. Na sexta-feira, a libra foi cotada a R$ 6,02. _

RECADO. Um executivo da Fazenda contou a interlocutores que se o Congresso não aprovar 70% do pacote fiscal será preciso trocar “a administração deste edifício”. A conversa aconteceu no ministério.

AQUI E LÁ. O Banco Central da Colômbia subiu os juros na sexta-feira depois que a inflação chegou a 4,74%. O peso perdeu 30% do valor em 2015.

DIFERENTE. Além da inflação mais baixa em relação ao Brasil, o PIB do país deve crescer 2,8% este ano. _

Ajuda americana