Título: A meca dos investimentos
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 18/09/2011, Cidades, p. 27

Quem passa por Anápolis pela BR-060 pode até perceber o crescimento da cidade, mas não faz ideia do boom industrial que ela vive. A expansão da rede hoteleira, de bares e de restaurantes, e o avanço do mercado imobiliário refletem os investimentos milionários de multinacionais no maior distrito agroindustrial do Centro-Oeste. Problema mesmo só para conseguir mão-de-obra. Sobram vagas nas empresas, todas em processo de ampliação das instalações.

A agressiva política de incentivos fiscais em Anápolis, desde a década de 1980, surtiu efeito. Investidores nacionais e internacionais praticamente ganharam terrenos para desbravar a região. Em alguns casos, o metro quadrado foi calculado em R$ 1. "Estamos desapropriando terras para atender as empresas", conta o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mozart Soares Filho. Até o fim deste ano, começarão as obras dos galpões da fabricante holandesa de aviões Rekkof Aircraft.

No ano passado, o município recolheu R$ 514,9 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS), 20% a mais que no ano anterior. O portfólio das principais empresas arrecadadoras inclui Caoa Montadora (com a fábrica da Hyundai), AmBev, Hering, Granol e as gigantes farmacêuticas Hypermarcas e Teuto. Para 2012, o orçamento previsto de Anápolis é de R$ 820 milhões. "Enquanto muitos falam em crise, estamos aparelhados para crescer", diz o prefeito, Antônio Roberto Gomide (PT).

A expansão do parque industrial da Hypermarcas, líder do mercado farmacêutico no Brasil, exemplifica o desenvolvimento de Anápolis. Foram investidos R$ 110 milhões para ampliar a área construída de 52 mil para 90 mil metros quadrados. O número de funcionários saltou de 1,6 mil para 2,4 mil, um aumento de 50%. "Apostamos nesta região", resume o diretor de Desenvolvimento de Medicamentos da empresa, o anapolino Marco Aurélio Limirio Gonçalves Filho.

Pela primeira vez, uma equipe de reportagem visitou as novas instalações da Hypermarcas. O Correio percorreu parte das 54 linhas de produção, com capacidade para fabricar 6 bilhões de comprimidos por ano. Mais de 600 produtos estão sendo feitos em Anápolis, como o Biotônico Fontoura, o Engov e a Maracujina. A empresa estuda a transferência da área de cosméticos ¿ atualmente em São Paulo ¿ para o interior de Goiás.

Balança comercial O Porto Seco Centro-Oeste é responsável por 35% das importações de Goiás e já é o terceiro do país em movimentação ¿ em 2010, foram US$ 2,08 bilhões, o equivalente a R$ 3,5 bilhões. Em 1999, ocupava a 62ª posição. Mais de 150 países exportam produtos por Anápolis, principalmente minérios, veículos, medicamentos, grãos, carne bovina e suína. "Qualquer projeto de logística hoje no Brasil passa pelo eixo Brasília-Anápolis-Goiânia", afirma o superintendente e acionista do Porto Seco, Edson Tavares.

Quilômetro zero de duas ferrovias e cortada por três rodovias federais, Anápolis agora espera a consolidação do Aeroporto de Cargas, um projeto de cerca de R$ 100 milhões que deve sair papel nos próximos dois anos. "A não ser que aconteça uma catástrofe muito grande, Anápolis crescerá a taxas chinesas até pelo menos 2020", afirma Tavares. Atualmente, 36 prédios residenciais estão em construção na cidade. Ainda este ano, é provável que o condomínio de luxo Alphaville confirme presença na região.