Título: Mercado blindado
Autor: Ribas, Sílvio ; Freitas, Jorge
Fonte: Correio Braziliense, 20/09/2011, Economia, p. 10

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu ontem o aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, anunciado pelo governo quinta-feira passada.

Questionada sobre o reajuste de 230% na alíquota do tributo apenas sobre uma parcela dos carros importados, a ministra afirmou que a medida é a mais adequada para "defender a indústria nacional contra a ação predadora de países e empresas". Ela minimizou as críticas que a decisão vem recebendo, argumentando que "o pequeno número" de empresas prejudicadas terá condições de nacionalizar a produção até o índice mínimo fixado, de 65%.

Mesmo depois de ser questionada sobre o grau de protecionismo da medida, ela manteve sua defesa durante encontro com o Grupo de Líderes Empresariais (Lide). Segundo a ministra, é preciso proteger o mercado doméstico e as companhias que produzem no Brasil. "Precisamos garantir que essas empresas adaptem seus planos de negócios às novas condições", sublinhou, garantindo que as montadoras já instaladas se comprometeram a não aumentar os preços e a investir em inovação.

A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) afirma que serão necessários, pelo menos, três anos para que uma montadora atinja o padrão exigido pelo governo no decreto válido até o fim de 2012. "Quando terminar o ano que vem, vamos verificar qual será o melhor mecanismo", disse a ministra.

Na sexta-feira, a Abeiva decidirá se vai entrar na Justiça contra o aumento imediato do IPI para veículos importados, alegando que qualquer alteração só pode entrar em vigor 90 dias após sua publicação no Diário Oficial da União. Sem esperar pela decisão da entidade, a BMW já informou que entrará individualmente na Justiça contra a medida. (SR)