Brasil tem sexta maior reserva do mundo

 

RENNAN SETTI 
O globo, n. 29999, 25//09/2015. Economia, p. 20
 

Na queda de braço entre o mercado e o Banco Central, a principal arma do BC tem um poder de fogo que não pode ser desprezado. O Brasil integra hoje a lista das dez maiores reservas cambiais do mundo. Com US$ 370,8 bilhões de respaldo, o BC brasileiro só fica atrás das máquinas exportadoras asiáticas ( China, Japão e Taiwan), da Arábia Saudita e suas gigantescas reservas de petróleo, e da Suíça, que vem comprando franco maciçamente no mercado para evitar uma grande valorização de sua moeda em relação ao enfraquecido euro.

— O BC comprou reservas em momentos em que o dólar estava muito baixo. Faria sentido vender parte desse montante para segurar um pouco o câmbio — afirma Ricardo Zeno, sóciodiretor da AZ Investimento.

Mas muitos analistas avaliam que usar efetivamente as reservas — e não apenas ameaçar uma intervenção desse tipo — seria arriscada. Mesmo US$ 370 bilhões poderiam ser rapidamente queimados se houvesse uma deterioração acentuada da crise econômica e política.

Para Tatiana Pinheiro, economista do Santander, o presidente do BC, Alexandre Tombini, não se referiu, em suas declarações ontem, à venda permanente de reservas internacionais e, sim, aos leilões de linha que já vem realizando. Essas operações também utilizam reservas que, devido ao compromisso de recompra estipulado no contrato, acabam voltando aos cofres do BC. Para Tatiana, a venda permanente de reservas seria um erro.

— A redução temporária das reservas é importante em momentos de crise de confiança como este. Já a redução definitiva, pelo contrário, seria motivo para agravamento da crise, por elevar as vulnerabilidades do país.