Título: Plano de US$ 4 trilhões
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Fonte: Correio Braziliense, 20/09/2011, Economia, p. 14

Obama propõe "o maior corte de gastos da história" e aumento de impostos sobre os mais ricos para reduzir o deficit público da principal economia do mundo

Washington ¿ O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, propôs ontem um plano de US$ 4 trilhões em cortes de gastos e aumento de arrecadação para os próximos dez anos, com o objetivo de diminuir o deficit público do país. "Será o maior corte de gastos da história", disse ele, em discurso nos jardins da Casa Branca. Uma parcela de US$ 1,5 trilhão seria obtida com aumento da tributação sobre os mais ricos e grandes empresas.

Obama não deu detalhes sobre essa taxação, que gostaria de anunciar como parte de um programa de redução do deficit orçamentário. Segundo o jornal The New York Times, o imposto sobre os mais ricos incidiria sobre 0,3% dos contribuintes, ou menos de 450 mil dos 144 milhões registrados em 2010.

De acordo com o presidente, a proposta inclui quase US$ 580 bilhões em cortes e reformas na área social, dos quais US$ 320 bilhões em programas federais de saúde, como Medicare e Medicaid. A economia com a redução dos esforços de guerra no Afeganistão e no Iraque deve gerar mais US$ 1 trilhão no período.

O plano, que será analisado por um comitê do Congresso encarregado de estudar o orçamento, foi chamado de "Buffet Rule" (ou regra Buffet), em referência ao multimilionário Warren Buffet, o qual disse recentemente que os mais ricos costumam pagar em impostos federais uma proporção menor de sua renda do que a classe média.

O debate sobre o controle do rombo nas contas púbicas divide politicamente o país. O Partido Republicano, de oposição, tem sido sistematicamente contrário a aumentos de impostos, argumentando que medidas desse tipo oneram as empresas e acabam prejudicando a recuperação da fragilizada economia norte-americana.

Empregos Obama, contudo, vem insistindo na necessidade de elevar as receitas do governo, não só para financiar o deficit e controlar o crescimento explosivo da dívida pública de quase US$ 15 trilhões, mas também para custear o programa apresentado na semana passada com o objetivo de diminuir o desemprego, que aflige 9,1% da população ativa. O plano, de US$ 447 bilhões, prevê obras de infraestrutura, contratação de professores, e redução de impostos para empresas que abirem vagas, entre outros pontos.

O discurso do presidente é que a conta do equilíbrio orçamentário e da recuperação da economia precisa ser dividida de forma socialmente correta. "Se vamos fazer cortes de gastos (...), então é preciso que todos paguem uma parte justa", afirmou. "Os contribuintes de classe média não deveriam pagar impostos mais altos que os milionários e bilionários. É difícil argumentar contra isso."

O que Obama tem em mente é acabar com os cortes de impostos para as famílias mais abastadas e as corporações, aprovados por seu antecessor, o republicano George W. Bush. "Não podemos custear estas baixas taxas especiais para os ricos, principalmente quando enfrentamos estes grandes deficits", disse. O discurso antecede uma nova série de enfrentamentos políticos com os republicanos tendo em vista a corrida eleitoral de 2012. O presidente argumenta, contudo, que não se trata de "uma guerra de classes, mas de matemática". "Qualquer plano de reforma tem que aumentar a renda (do governo federal) para ajudar a reduzir nosso deficit. Isso deve ser parte da fórmula", afirmou.