Título: Classes A e B sustentam pirataria
Autor: Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 20/09/2011, Economia, p. 15

Mais de 74 milhões de brasileiros admitem comprar produtos falsificados, com preço menor que os originais

O consumo de produtos piratas cresceu 52% no país em 2011, ante o avanço de 48% do ano passado. Mais de 74 milhões de brasileiros contribuíram para esse tipo de prática, considerada crime, de acordo com um estudo divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Dos consumidores ouvidos pela entidade, 57% são das classes A e B e admitiram ter comprado algum produto falsificado em 2011 ¿ 10% a mais que no ano passado.

CDs e DVDs continuaram, pelo sétimo ano seguido, na preferência dos que alimentam a pirataria. Na sequência, aparecem brinquedos, artigos de moda, relógios, roupas, bolsas, bijuterias e tênis, além de programas de computador e equipamentos eletrônicos. O chefe de cozinha Mário Nóbrega da Silva, 33 anos, faz parte dos brasileiros que consomem esses produtos. Ele conta que já comprou CDs e DVDs piratas, mas concorda que a qualidade é bem inferior que a dos originais. "Não sou contra nem a favor da pirataria. Sei que é ilegal, mas mesmo assim costumo comprar esse tipo de mercadoria, pois os preços são bem mais em conta, embora os produtos sejam de péssima qualidade", observou.

O preço baixo é o que mais atrai os consumidores. A estudante Wylclecya Matos, 17 anos, é consumidora assídua de falsificados e a favor desse tipo de produto. Para ela, a diferença entre um produto original e um pirata é mínima. "O meu celular é pirata. Não vejo diferença na qualidade. Ele tem todas as funções do original e funciona muito bem", comparou.

O economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos esclarece que a busca por produtos ilegais é explicada pelo avanço tecnológico, pela facilidade de acesso às mercadorias piratiadas e pelo baixo custo. "Não adianta o setor público só apreender as mercadorias ilegais, pois a reprodução de novos produtos é muito rápida. O que o governo poderia fazer para amenizar é baixar os impostos dos produtos originais para que o consumidor seja incentivado a comprá-lo", concluiu.