Título: Bolsas desabam
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2011, Economia, p. 9

As notícias desanimadoras sobre a evolução da crise na Europa e nos Estados Unidos provocaram ontem mais um dia de forte queda nos mercados financeiros ao redor do mundo. No Brasil, a aversão ao risco fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desabar. Depois de recuar 5,85% no meio da tarde, a bolsa paulista terminou o dia com baixa de 4,83%, a maior variação negativa em um só dia desde 8 de agosto, quando o Ibovespa, índice que capta a variação das ações mais negociadas, registrou uma retração superior a 8%.

Em Nova York, as bolsas viveram dia de pânico: o índice Dow Jones perdeu 3,51%, o indicador de tecnologia Nasdaq recuou 3,25% e o índice Standard and Poor"s caiu 3,19%. O mercado parece ter ignorado a Operação Twist anunciada na quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para reanimar a economia. A autoridade monetária vai trocar US$ 400 bilhões em títulos de curto prazo por outros de vencimento mais longo para reduzir as taxas de juros de longo prazo e, dessa forma, estimular o consumo e os investimentos. "A medida, embora traga algum benefício na margem, parece ser insuficiente para injetar ânimo na economia", observou o economista-chefe do banco espanhol Santander, Maurício Mollan.

Moratória Na Europa, o ânimo dos investidores se abateu com a situação cada vez mais difícil da Grécia, que parece incapaz de escapar de uma moratória, e com dados ruins da indústria na China, que teve registrou contração pelo terceiro mês consecutivo, e da Alemanha, onde o setor teve seu oitavo período mensal de desaceleração. Com o cenário tão conturbado, houve fortes baixas nas principais bolsas do continente, como em Londres (4,67%), Frankfurt (4,96%), Milão (4,52%) e Paris (5,25%). O destaque foi a queda dos papéis dos bancos mais afetados pelas dívidas soberanas dos países. Na França, o Societé Générale perdeu 9,57%, o Credit Agricole, 9,49% e o BNP Paribas, 5,70%. Na Ásia, houve queda de 2,1% em Tóquio e de 2,8% em Xangai.