Título: Troca de comando na Codeplan
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2011, Política no DF, p. 22

Agnelo Queiroz exonera Miguel Lucena da Presidência da Companhia de Planejamento do Distrito Federal para acomodar a ex-vice-governadora Ivelise Longhi. Órgão deve ganhar novo nome

O governador Agnelo Queiroz (PT) vai fazer uma reestruturação na Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). O primeiro passo foi dado ontem. Ele decidiu trocar o comando do órgão da estrutura do Distrito Federal. Sai o delegado da Polícia Civil Miguel Lucena, antigo colaborador do chefe do Executivo, entra a peemedebista Ivelise Longhi, ex-vice-governadora do DF. Ela terá a missão de conduzir a Codeplan para uma atuação técnica. Filiada ao PMDB, Ivelise vai assumir uma estrutura, agora, mais voltada para levantamentos de dados geoestatísticos e econômicos. A empresa, que ficou conhecida nacionalmente depois da Operação Caixa de Pandora, também deve ganhar um novo nome, ainda a ser definido.

A intenção de Agnelo é tentar desvincular a Codeplan dos escândalos de desvios de recursos investigados e denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), antes e depois da Operação Caixa de Pandora. Nos dois governos de Joaquim Roriz, a empresa, sob a presidência de Durval Barbosa, tinha como atribuição concentrar os contratos de informática que hoje são alvo de várias ações na Justiça. Na administração anterior, a companhia se tornou responsável por programas sociais em municípios do Entorno e pelos projetos para parcerias público-privadas (PPPs).

Sem muita função no governo Agnelo, a Codeplan deve virar agora um instituto de pesquisa, ,os moldes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado à Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos. O governador escolheu Ivelise Longhi para a função pelo perfil técnico, com traquejo na vida pública. Arquiteta com conhecimento da estrutura administrativa do DF, ela foi deputada distrital e tem bom trânsito com vários parlamentares e políticos.

Desgastes Desde que deixou a vice-governadoria, em janeiro, Ivelise estava afastada do centro das decisões na administração pública. Tadeu Filippelli vinha trabalhando pela aliada para recolocá-la em uma função de destaque. Apesar da vinculação política com o vice-governador, Ivelise foi escolhida pelo próprio Agnelo depois de alguns dias de amadurecimento sobre o assunto. Embora tenha sido um importante aliado do governador na fase pré-eleitoral e na campanha de 2010, Miguel Lucena sofreu desgastes nos últimos meses e a permanência dele se tornou insustentável.

A decisão de exonerá-lo foi tomada no último fim de semana. Delegado, ele deve retornar ao trabalho na Polícia Civil do DF. Ao Correio, o governador disse que Miguel Lucena sai para cuidar de assuntos pessoais. "Ele foi um importante colaborador, mas precisa fazer um tratamento de saúde", justificou. Na direção da Codeplan, Agnelo abrigou também o ex-deputado Wilson Lima, que governou o Distrito Federal por dois meses no ano passado e presidiu a Câmara Legislativa.

Denúncia Em 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. Foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em 16 endereços. Durval Barbosa, até então secretário de Relações Institucionais, foi quem denunciou o esquema à PF. Ex-presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) na administração de Joaquim Roriz e delegado aposentado da Polícia Civil, ele fez acordo de delação premiada com a Justiça e a Polícia Federal para reduzir a própria pena em 37 processos a que responde.