Título: MST anuncia protesto na Esplanada
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Fonte: Correio Braziliense, 23/08/2011, Brasil, p. 10
Uma mobilização com o intuito de pressionar o governo para atender emergencialmente mais de 180 mil famílias acampadas no país, segundo o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), teve início ontem em todo o país. Em Brasília, cerca de 4 mil trabalhadores montaram um acampamento nos arredores do Ginásio Nilson Nelson, em mobilização que integra a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária. Segundo os organizadores, o objetivo é ganhar apoio de outras categorias de trabalhadores para um ato unificado marcado para amanhã, na Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes querem reunir 15 mil pessoas e conseguir uma audiência com a presidente da República, Dilma Rousseff.
O coordenador do MST, Valdir Misnerovicz, estima a necessidade de R$ 1,5 bilhão para assentar as famílias acampadas, sendo que os recursos para a reforma agrária somariam cerca de R$ 500 milhões. "Este ano, foram destinados mais de R$ 500 milhões para obtenção de terras e eles já foram empenhados. Reconhecemos que isso é importante, mas esses recursos representam 10% da nossa demanda", diz. Os trabalhadores, liderados também por Gilberto Cervinski, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens Elétricas, deverão fazer uma vigília ainda hoje, em frente ao Congresso Nacional.
Ontem, cerca de 400 integrantes do MST ocuparam a fazenda Santo Henrique, no município de Iaras (SP). O movimento reivindica a desapropriação da área para a reforma agrária e diz que o uso da fazenda, de 2,6 mil hectares, pela empresa Cutrale é indevido. "A área utilizada pela Cutrale tem origem pública e, de acordo com a lei, deve ser destinada à reforma agrária. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem estudos que comprovam que a área é devoluta e disputa na Justiça a posse da fazenda", disse, em nota, o MST. Também em nota, a Cutrale informou que já demonstrou a legalidade na aquisição da propriedade. Segundo o Incra, a União deverá apresentar nova ação judicial, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria Regional Federal (PRF), para reaver a fazenda. Outros 200 trabalhadores rurais ligados ao MST invadiram ainda a sede do Incra em Campo Grande (MS).