Título: Eliana Pedrosa adere ao PSD
Autor: Taffner, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 23/08/2011, Política no DF, p. 24

Distrital deixa o Democratas e reforça a nova sigla. O presidente da legenda no DF acredita que outros políticos seguirão esse caminho

O Partido Social Democrata (PSD) movimenta o mercado político do Distrito Federal. A legenda acaba de fechar com a deputada distrital Eliana Pedrosa (DEM) e se prepara para anunciar mais reforços nas próximas semanas. Por conta da atuação da legenda, algumas pessoas aproveitam a oportunidade para buscar novos espaços ou mesmo se recolocar nas próprias legendas. As negociações são feitas pelo presidente regional da sigla, Rogério Rosso. "Estamos conversando com políticos com e sem mandato. O partido é plural e nasce independente, não é de direita ou de esquerda", afirma o ex-governador do DF.

A saída de Eliana Pedrosa dos Democratas é um ganho significativo para a nova sigla partidária. A distrital é considerada uma das mais articuladoras da Câmara Legislativa, com um forte poder de influência sobre os colegas. Ela foi secretária de Desenvolvimento Social e, durante as campanhas eleitorais, permaneceu neutra e não se comprometeu oficialmente com nenhum dos candidatos. "Está acontecendo um novo momento no país, de muita troca de ideias e de reposicionamento do tabuleiro político. A criação de um partido é positiva, porque dá um gás novo na política", diz a distrital.

Enquanto Eliana anuncia a mudança de partido, o deputado federal Izalci Lucas (PR) aproveita para negar qualquer possibilidade de seguir o mesmo caminho. Cotado em todas as conversas de bastidores como uma migração certa, ele diz publicamente estar muito bem no Partido da República, do qual é presidente regional. No primeiro semestre, teve problemas com colegas da sigla. O distrital Aylton Gomes, o deputado federal Ronaldo Fonseca e o secretário do Entorno, Bispo Renato, chegaram a entregar, em maio, uma carta à Executiva Nacional do PR questionando a decisão de Izalci em tirar o partido da base do governador Agnelo Queiroz (PT). "Está tudo superado e não temos nenhum problema."

Rogério Rosso diz, no entanto, que o parlamentar será muito bem recepcionado se resolver mudar de legenda. "Izalci tem boas relações e serviços prestados", diz o ex-governador. Por sua vez, o presidente regional do PR escancarou as portas do partido para a mulher do colega, Karina Rosso, que estreará na disputa eleitoral no DF em 2014. "Acredito que ela venha, até porque ficou muito animada e não está querendo ficar no mesmo partido do marido", avalia Izalci. De toda sorte, o deputado diz que as duas legendas trabalharão para caminhar juntas daqui para frente. "O que não existe é essa possibilidade de eu ir para o PSD."

Rogério Rosso rechaça, no entanto, que a chegada de Eliana Pedrosa e a aproximação com Izalci Lucas signifiquem o ingresso do partido na oposição. Segundo ele, a situação da sigla no Distrito Federal só será discutida em um segundo momento, depois dessa etapa de formação. "Isso será resolvido em breve, mas não é porque o parlamentar é da oposição hoje que o partido também vai ser. O comando nacional do PSD deixou todas as regionais livres para fazer a opção sobre ser situação ou não", explica Rosso.

Outro nome apontado para ingressar no novo partido é o do deputado federal Luiz Pitiman (PMDB). O ex-secretário de Obras saiu do Executivo devido a desentendimentos com petistas do governo Agnelo, mas, durante a breve gestão, formou um grupo de aliados na Câmara Legislativa a fim de possibilitar voos mais altos. Uma das pretensões de Pitiman, segundo pessoas próximas, é tomar as rédeas do PSD no Distrito Federal. "Ele seria muito bem-vindo desde que com sentimento de coletividade, não apenas para defender um projeto pessoal", diz o ex-governador.

Para um político com mandato ingressar em um novo partido sem perder o cargo é necessário que ele figure como cofundador da legenda. É esse o procedimento adotado por Eliana Pedrosa. Ela terá, no entanto, de continuar no DEM enquanto o PSD não passar a funcionar efetivamente como sigla partidária. "Eu venho da área social e temos o desafio de tornar o país mais solidário. Essa oportunidade de fazer isso mais intensamente no PSD é desafiadora e me atraiu", afirma Eliana. Segundo ela, no entanto, a crise sofrida pelo Democratas após a Caixa de Pandora não influenciou a decisão. "Não tem nada a ver, porque o DEM foi o único partido que tomou providências contra os acusados, e acho até de maneira açodada, porque, até hoje, não houve nenhuma condenação."

O que diz a lei O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considera como justa causa para desfiliação partidária, conforme definido na Resolução nº 22.610, fusão de partido, criação de nova legenda, mudança do programa partidário ou grave discriminação pessoal. Caso não seja atendida nenhuma dessas justificativas, a sigla pode entrar com ação para a decretação de perda do cargo eletivo. No entanto, para se enquadrar no caso de criação de sigla, o político precisa assinar a ata de fundação da legenda a fim de figurar como cofundador.

Em resposta à consulta do deputado federal Guilherme Campos, o TSE afirmou que o detentor de mandato pode se associar ao PSD sem risco de ser enquadrado como infiel. A saída do atual partido e a filiação no novo terá de ocorrer no prazo de 30 dias após o registro oficial do partido na Justiça Eleitoral.