Produção de aço recua e ociosidade global é a maior em seis anos e meio​

Renato Rostás 

22/09/2015

Em sua maior ociosidade em seis anos e meio, a siderurgia mundial voltou a reduzir o ritmo de produção durante agosto, quando até mesmo a gigante China teve de segurar seus volumes fabricados, em meio a menores preços dos produtos no mercado internacional e o acirramento da competição.

Segundo dados informados ontem pela Worldsteel Association, que acompanha o movimento dos 65 maiores países no setor, a produção de aço bruto fechou agosto em 132,3 milhões de toneladas. O volume representou queda de 3% quando comparado com igual mês de 2014 e recuo de 0,5% ante julho. Além disso, é o pior nível desde fevereiro e desde o início de 2014 é apenas o quinto mês em que a produção fica tão baixa.

No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, a baixa foi de 2,3%, também em comparação anual, para 1,08 bilhão de toneladas. Os principais responsáveis por esse corte foram os Estados Unidos, com encolhimento de 8,5%, e a China, que diminuiu a produção em 2,1%.

Além disso, a associação revelou que o uso de capacidade fechou agosto em 68%. Além de significar piora frente ao índice de 68,4% em julho e ao nível de 74,2% em agosto do ano passado, a utilização foi a menor desde abril de 2009, quando a siderurgia mundial ainda se recuperava da crise financeira de 2008.

Os dados da Worldsteel mostram que na China, maior produtora internacional, o corte de produção em comparação anual foi de 3,5% no mês passado, para 66,9 milhões de toneladas. De julho para agosto, entretanto, o volume fabricado cresceu 1,7%. A representatividade do país no total mundial subiu de 49,5% para 50,6%.

A associação também mostrou que nos Estados Unidos houve queda mais relevante, de 9,7% na produção, em agosto ante igual período de 2014, para 7 milhões de toneladas. Em um mês, esse recuo foi de 0,5%. Na União Europeia, foi observada estabilidade em bases anuais - leve alta de 0,1% - e queda de 13,1% perante julho, para 12,2 milhões de toneladas.

Os números do Brasil já haviam sido divulgados pelo Instituto Aço Brasil - recuo em relação ao mesmo mês de 2014, de 5,4%, para 2,8 milhões de toneladas. Mas sobre o total produzido globalmente, o país perdeu relevância - a representatividade foi de 2,2% em julho e em agosto do ano passado para 2,1%. O patamar mais baixo em 2015 foi de 2%, em março.

Em comparação anual, o volume fabricado na Rússia foi reduzido em 3,2%, para 6 milhões de toneladas, durante agosto. Na Turquia, o corte no mês passado foi de 11,8%, para 2,6 milhões de toneladas, enquanto no Japão a baixa foi de 5,8%, para 8,8 milhões de toneladas.

Os dados divulgados pela Worldsteel mostram a crise pela qual a siderurgia mundial passa atualmente. O excesso de capacidade fez com que os preços do mercado internacional caíssem desde o ano passado, enquanto a China passou a incomodar por conta de seus produtos em abundância e com baixo custo ao endurecer a concorrência.

Esse cenário levou ao nível de ociosidade atual, de 32%, e resultou na primeira queda anual da produção de aço bruto durante o acumulado do ano desde 2009.

Valor econômico, v. 16 , n. 3846, 22/09/2015. Empresas, p. B4