Cresce participação das agroindústrias entre as líderes das exportações

Fernando Lopes 

24/09/2015

Mesmo com a receita de seus embarques em queda considerável desde o início deste ano, o agronegócio ampliou sua participação nas exportações totais do país para quase 50% de janeiro a agosto e, diante desse cenário, as principais companhias do setor ganharam ainda mais espaço entre as líderes da balança comercial nacional.

Conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), no total as exportações brasileiras somaram US$ 128,348 bilhões nos oito primeiros meses de 2015, 16,7% menos que em igual intervalo de 2014 (US$ 154,018 bilhões). Como, segundo critérios do Ministério da Agricultura, os embarques do agronegócio caíram 11,7% (de US$ 67,612 bilhões para US$ 59,713 bilhões), a fatia do setor no total subiu de 43,9% para 46,5%.

Em larga medida, esse encolhimento geral reflete a retração dos preços em dólar de importantes itens da pauta - pressionados, entre outros fatores, pela própria valorização da moeda americana. O agronegócio não escapou da tendência, mas em alguns casos os recuos foram mais modestos e, em outros, o incremento do volume de vendas serviu como compensação.

Em agosto, por exemplo, os dois fatores impulsionaram a soja em grão, que lidera as exportações do agronegócio no Brasil. Não só o valor da tonelada exportada caiu, em média, "apenas" 25,1% em relação ao mesmo mês de 2014 - menos que alumínio (26%), laminados planos (40,9%) e minério de ferro (47%), entre outros produtos -, como o volume vendido aumentou 25,3%.

Nesse contexto, as multinacionais americanas Bunge, Cargill e ADM, grandes tradings de soja e derivados, entre outros produtos agrícolas, lideraram o aumento da participação das empresas do agronegócio na receita das 40 principais exportadoras do país de janeiro a agosto, mesmo com suas vendas em queda na moeda americana.

Conforme dados da Secex, o trio - além da JBS, líder global em proteínas de origem animal - perdeu apenas para Vale e Petrobras, como de costume, e encabeçou um time de 17 empresas do agronegócio que compuseram a lista das "40 +" nos oito primeiros meses do ano.

No total, essas empresas (em negrito no infográfico) exportaram US$ 26,738 bilhões no intervalo. Mesmo que esse valor tenha sido 14,9% inferior ao registrado de janeiro a agosto de 2014 (US$ 31,409 bilhões), a fatia conjunta no grupo das 40 maiores exportadoras do país passou de 41,7% para 43,6% na comparação.

Não há, contudo, motivos para comemorações, uma vez que essa escalada só foi possível porque outros setores exportadores enfrentaram problemas maiores. Sempre de acordo com os dados da Secex, 14 das 17 maiores exportadoras do agronegócio amargaram retrações nas receitas de seus embarques.

O maior tombo foi o da Louis Dreyfus Commodities (40,5%, para US$ 1,638 bilhões), mas quedas de dois dígitos não foram exceção. No caso da líder Bunge, a redução foi de 26,3%, para US$ 3,653 bilhões; no da BRF, maior exportadora brasileira de carne de frango, chegou a 23,2%, para US$ 2,118 bilhões; e no da cooperativa controlada pelos mesmos sócios da Copersucar atingiu 19,9%, para US$ 683 milhões.

Na contramão, apenas três companhias: a Suzano, exportadora de papel e celulose (alta de 21,3%, para US$ 1,233 bilhão), a Cooxupé, líder em café (68,3%, para US$ 590 milhões), e a Citrosuco, de suco de laranja (20,7%, para US$ 567 milhões).

Valor econômico, v. 16 , n. 3848, 24/09/2015. Agronegócios, p. B16