Círculo vicioso

Os indicadores já divulgados do terceiro trimestre indicam que o PIB terá mais um período de queda, o terceiro seguido. A indústria e o comércio recuaram em julho; em agosto caíram o fluxo de caminhões nas estradas e a venda de papelão ondulado; o consumo de energia e a confiança também ficaram menores. A política econômica não está conseguindo interromper esse círculo vicioso de retração.

Oterceiro trimestre se aproxima do fim, e os economistas afirmam que a queda livre no PIB continuou depois do tombo do primeiro semestre. Sérgio Vale, da MB Associados, estima taxa de -0,6% sobre o segundo trimestre e -3,1% sobre o mesmo período de 2014. Dos principais componentes do PIB, o que sobe é a balança comercial, mas ela sozinha não tem força para compensar a queda do consumo e dos investimentos. Apenas atenua o impacto.

— Os dados até agora estão bem ruins e não vejo chance de o PIB ficar positivo no terceiro trimestre. As exportações têm um peso muito menor do que o consumo, que é o elemento-chave para entender a recessão atual — disse Vale.

A estimativa do economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, também é de retração de 0,6%, e há previsões piores, como a do Bradesco, que prevê queda de 1,1%. Os investimentos estão despencando. Os empresários não têm segurança para desengavetar projetos, as concessões de infraestrutura não foram a leilão, há encarecimento do crédito e risco de aumento de impostos.

Sérgio Vale olha com cada vez mais preocupação para a economia no ano que vem. Ele revisou de -1% para -1,4% a estimativa para o PIB de 2016 e outros economistas estão fazendo o mesmo. Há vários setores passando por dificuldades: petróleo e gás, siderurgia, automobilístico, bens de capital, construção civil, varejo.

Com a alta do dólar e as incertezas da política fiscal, tem crescido o risco de a inflação chegar a dois dígitos este ano e estourar novamente a meta no ano que vem. Não são poucas as frentes de problema na economia.