Título: Eleitor de Belém será o alvo
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 29/08/2011, Política, p. 5

Defensores da divisão do Pará em três estados miram o eleitorado da capital, que será decisivo na definição da consulta pública

A duas semanas do começo da campanha para o plebiscito que definirá o futuro do Pará, o marqueteiro Duda Mendonça já definiu a sua estratégia para convencer os eleitores paraenses a aprovarem a criação do estado de Carajás. Ele bateu o martelo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, na última quarta-feira, que todos os eleitores do Pará participarão do plebiscito sobre a divisão do estado em três partes. As lideranças favoráveis à aprovação de Tapajós e Carajás defendiam que apenas a população da área a ser desmembrada fosse consultada. Essa tese, porém, acabou derrotada.

Responsável pela vitoriosa campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, quando o petista foi eleito pela primeira vez presidente da República, Duda Mendonça vai mirar a propaganda pró-Carajás no eleitorado de Belém e arredores, região que continuará pertencendo ao estado do Pará, caso a separação seja aprovada no plebiscito e confirmada pelo Congresso Nacional. "A nossa frente focará a propaganda nos eleitores do Pará remanescente", afirma o deputado federal Asdrubal Bentes (PMDB-PA), integrante do grupo que defende a criação de Carajás.

A estratégia não é difícil de ser compreendida. Sondagens não oficiais encomendadas pelas frentes separatistas mostram que 90% dos moradores das regiões de Carajás e Tapajós defendem o desmembramento das áreas onde residem. O problema é que elas, juntas, embora compreendam 83% do território do atual estado do Pará, abrangem menos de 40% do eleitorado apto a votar. Por isso, a artilharia será voltada para o que o deputado Bentes chama de "Pará remanescente".

Discurso A meta da Frente Parlamentar Pró-Carajás é conquistar pelo menos um quinto dos votos dessa área mais populosa do estado. "Mostraremos que a separação é boa para todos os lados, principalmente para o Pará remanescente, que ficará com o maior PIB e com a maior concentração de indústrias", comenta Asdrubal Bentes, já afinando o discurso que usará ao longo dos três meses de campanha. O plebiscito está marcado para 11 de dezembro. "A população está otimista e acredita que é possível acontecer a divisão", emenda o deputado federal Zequinha Marinho (PSC-PA).

De outro lado, os parlamentares que integram as frentes contrárias ao desmembramento do Pará investirão pesado para convencer os eleitores das regiões mais distantes da capital ¿ na região de Tapajós e Carajás, onde há a predominância de apoiadores da divisão do estado ¿ de que a manutenção de um estado único é mais vantajosa. O discurso pela unidade do Pará é o de que os novos estados seriam inviáveis do ponto de vista econômico. O grupo também investirá na população de Belém e região, onde a ideia de que a divisão prejudicará o Pará será facilmente compreendida, na avaliação de deputados como Zenaldo Coutinho (PSDB-PA).