Cid Gomes é condenado a pagar R$ 50 mil a Cunha

 

JÉSSICA MOURA E JÚNIA GAMA

O globo, n. 29991, 17//09/2015. País, p. 9

 

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) condenou ontem o ex-ministro da Educação Cid Gomes a indenizar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em R$ 50 mil por danos morais. Cunha processou Cid depois que o ex-ministro o acusou de “fazer achaque” no Congresso. A declaração foi feita primeiro num evento no Pará, e depois repetida em março último no próprio plenário da Câmara; após o episódio, Cid pediu demissão do ministério. Cunha disse ontem que irá recorrer. Ao dar entrada no processo, o deputado havia requerido R$ 70 mil.

— Achei pouco. Vou recorrer para receber mais — disse.

No início da noite, o ex-ministro Ciro Gomes, no evento em que se filiou ao PDT, saiu em defesa do irmão Cid. Ciro disse ter ficado impressionado com a agilidade com que o juiz decidiu a favor de Cunha e fez um duro ataque ao presidente da Câmara, a quem chamou de “maior vagabundo de todos”.

— O Cid Gomes era ministro e denunciou que havia um processo de apodrecimento nas relações de governo da presidente Dilma com o Congresso Nacional, e que essa deterioração se assentava no achaque, na chantagem. E, dito isso, foi lá e meteu o dedo na cara desse maior vagabundo de todos que é o presidente da Câmara, pegou o paletó e foi para casa — afirmou.

O presidente da Câmara reagiu às críticas de Ciro e afirmou que também vai processá-lo.

— Vai ter que pagar indenização — disse Cunha.

O PDT quer aproveitar a reforma administrativa que a presidente Dilma anunciará na próxima semana para sair do governo, entregando o Ministério do Trabalho. O presidente do partido, Carlos Lupi, vai conversar com Dilma nos próximos dias. Lupi comandou o ato de filiação de Ciro ao partido, em que ele foi virtualmente lançado candidato do PDT a presidente em 2018.

— Quando se coloca publicamente que o partido terá candidato à Presidência, fica muito difícil continuar no governo. Seria uma incoerência — disse Lupi.