Correio braziliense, n. 19063, 05/08/2015. Política, p. 4

Aécio vê escândalo "perto" do Planalto

JULIANA CIPRIANI

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou ontem que o esforço dos ministros de Estado em pregar a isenção da presidente Dilma Rousseff nos atos de corrupção denunciados na Petrobras expõe ainda mais a fragilidade do governo. Depois de reunião da cúpula do partido, o tucano afirmou que os novos desdobramentos da Operação Lava-jato em especial, a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, na segunda-feira colocam o escândalo muito perto do Palácio do Planalto. O extrato desse assalto aos cofres públicos, em boa parte, serviu para alimentar esse projeto de poder, disse. 

Para o senador, seja por ação ou omissão, o governo Dilma foi beneficiário de uma estrutura criminosa montada na administração, desde o mensalão, para se manter no poder. Quanto mais os ministros de Estado se esforçam para dizer que a presidente Dilma Rousseff não tem responsabilidade sobre os atos de corrupção denunciados na Petrobras, mais eles expõem a fragilidade do governo, afirmou. 

Aécio avaliou ainda que, ao dizer, na reunião com os governadores, que seu mandato termina em 2018, Dilma demonstra a própria insegurança. Segundo o tucano, a petista precisa fazer um mea-culpa e parar de creditar ao cenário internacional a crise pela qual passa o país. Para o senador, as últimas delações do esquema da Petrobras, que falam em pagamento de propina por prestadoras de serviço, mostram que o caso é muito mais do que um simples cartel. Fica claro que, para se trabalhar com esse governo, tinha de pagar pedágio. 

Manifestações 

Na entrevista de ontem, o presidente do PSDB informou que as inserções partidárias convocando a população para ir às ruas em 16 de agosto serão veiculadas amanhã e no sábado. Aécio não foi aos protestos de março e abril, mas afirmou ontem estar pensando seriamente em aparecer no próximo, que tem como mote o impeachment de Dilma. Segundo o tucano, o partido vai apenas participar, sem a intenção de se tornar protagonista dos atos, previstos em todo o país. Se eu estiver lá nas movimentações e é possível que esteja , será como mais um entre milhões de cidadãos brasileiros, afirmou. Mais uma vez, o tucano disse que a questão do partido não é apoiar o afastamento da presidente, mas as instituições. 

Para Aécio, a prisão de Dirceu e os demais desdobramentos da Operação Lava-Jato, que chamou de conjunto da obra do PT, geram uma indignação crescente no Brasil. Se isso terá efeito nas manifestações, só o dia 16 vai dizer, mas que a indignação das pessoas é cada vez maior, isso se constata em qualquer esquina do Brasil, em qualquer reunião da qual você participe, disse.