Correio braziliense, n. 19063, 05/08/2015. Esporte, p. 16

Romário aprova "caça" a Marin

A autoria única em todos os 13 requerimentos aprovados, ontem, um tanto a contragosto pelos demais senadores, evidencia a situação de Romário (PSB/RJ) na CPI da CBF. Jogando sozinho o relator sequer apareceu para apresentar o plano de trabalho, o ex-jogador e presidente da CPI foi o único a sair a favor da investigação, após a primeira reunião do grupo. Nela, Romário conseguiu aprovação para que três membros viajem até a Suíça para tomar o depoimento do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol José Maria Marin, preso por acusações de corrupção no futebol. 

Além de Marin, o senador pediu para que três representantes viajem aos Estados Unidos para ouvir José Hawilla, dono do Grupo Traffic e réu confesso no escândalo da Fifa deflagrado pelos Estados Unidos. A distância entre os requerimentos aprovados e a oitiva real do cartola e do empresário, porém, é grande. 

Primeiro, como Marin está detido na Suíça, será preciso negociar com as autoridades do país europeu. Uma saída parcial que dependeria de acordos seria a convocação dele, com pedido de extradição ao Brasil, o que é descartado pela comissão. O temor é que Marin se livre da punição em solo nacional. Depois, há ainda a grande chance de o ex-mandatário da CBF permanecer calado no depoimento. 

Em prisão domiciliar nos Estados Unidos, o caso de Hawilla pode até ser mais simples, se ele quiser falar. O entrave, contudo, poderia ser a justiça local, com quem o brasileiro tem acordo de delação, e que mantém sob total sigilo as investigações. Inclusive para ter acesso a informações da justiça norte-americana, a CPI vai se unir ao Ministério da Justiça, à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal. 

Apesar da insistência, Romário não negou as dificuldades. Acredito que é complicado, reconheceu sobre os depoimentos. Em seguida, rebateu o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que ontem, em entrevista ao Correio questionou o cargo de Romário na CPI, acusando-o de ser parcial. O Feldman não tem capacidade para assumir o cargo que assumiu. Primeiro, porque ele não conhece, desculpa a expressão, p... nenhuma de futebol. Eu posso afirmar: se não for pelos outros senadores, ele será convidado por mim a prestar seu depoimento e passar toda a sua experiência no futebol, que é nenhuma. 

MP do Futebol 

Hoje, o Diário Oficial da União trará a sanção da presidente Dilma à renegociação das dívidas dos clubes. Entre os cortes esperados no texto, está, por exemplo, o item que abria brecha na rescisão de contratos de clubes com jogadores, reduzindo de 100% para 50% o valor a ser pago pelo time. Outro item que deve sair é a inclusão de árbitros nos direitos de imagem de transmissão dos jogos. 

Ainda na polêmica com os critérios estipulados pela Fazenda para o prazo de pagamento, o Planalto estudou a possibilidade de retirar o escalonamento nos primeiros cinco anos das parcelas. Se a saída jurídica tiver sido encontrada, o prazo deverá ficar em 240 meses, sem descontos nos anos iniciais.