Nova rodada da ANP tem novatas estrangeiras e ausências de peso

André Ramalho 

03/08/2015

A 13ª Rodada vai marcar a estreia de duas petroleiras estrangeiras nos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A russa Rosneft e o fundo global de investimentos Seacrest Azimuth Group se inscreveram na licitação e vão participar pela primeira vez de um leilão de blocos exploratórios no país. Na contramão, figuras de destaque no Brasil ficaram de fora da licitação, em meio a um cenário de cortes de investimentos frente aos preços mais baixos do barril do petróleo.

A lista de ausências inclui algumas das principais sócias da Petrobras no pré-sal. São empresas com vultuosos investimentos comprometidos, como a Repsol Sinopec; a chinesa CNPC, sócia em Libra; e a britânica BG, adquirida pela Shell. Outras gigantes, como a Chevron, que chegou a arrematar um bloco na 11ª Rodada, em 2013; a ConocoPhillips; e a Sinochem também ficaram de fora, assim como as brasileiras OGPar (ex-OGX), em recuperação judicial, e Copel, um dos destaques da 12ª Rodada.

Já entre as estreantes, o principal destaque é a Rosneft. Uma das dez maiores produtoras de óleo e gás do mundo, a russa entrou no país em 2011, quando adquiriu uma fatia de 45% nos blocos da HRT (hoje PetroRio) no Solimões (AM). Após assumir o controle total dos ativos este ano, a russa se prepara agora para participar, pela primeira vez, de uma rodada da ANP de olho em oportunidades. A companhia detém 16 blocos no Solimões e, na América Latina, atua também na Venezuela.

O Seacrest, por sua vez, chegou a anunciar, em 2014, um acordo com a britânica Chariot para entrar em quatro blocos na Bacia de Barreirinhas, mas o negócio não foi adiante. O fundo, contudo, criou uma subsidiária no país, a Azibrás, e abriu um escritório no Rio. Com foco em óleo e gás, o fundo possui ativos exploratórios no Mar do Norte, Namíbia, Irlanda, Vietnã e Indonésia.

A 13ª Rodada marca também a reestreia da argentina Oil M&S, que volta a participar de um leilão no Brasil dez anos após arrematar 43 blocos na 7ª Rodada, no Solimões e São Francisco. A companhia saiu do país em 2010, após vender seus ativos para a Petra.

Entre as brasileiras, a estreante de maior destaque é a PetroRio. Após concluir a venda de ativos de exploração no Solimões e redirecionar seus investimentos para a aquisição de campos em produção (Polvo e Bijupirá e Salema), a companhia está avaliando entrar novamente na atividade exploratória.

Esta semana, o diretor de Negócios e de Relações com Investidores da petroleira, Blener Mayhew, confirmou a intenção da empresa de participar da rodada, mas destacou que a estratégia da PetroRio continua sendo manter uma baixa exposição no setor de exploração. "Vamos adotar estratégia de irmos como minoritários nos blocos", disse, na segunda-feira, durante teleconferência com analistas.

A Parnaíba Gás Natural (ex-OGX Maranhão) e Parnaíba Participações, subsidiária da Eneva, são outras duas estreantes nacionais. Dona do complexo termelétrico no Maranhão, a Parnaíba Participações é cliente do gás da PGN, mas sinaliza que também pretende investir na produção.

O conceito 'gas-to-wire' (geração de energia na cabeça do poço) é a aposta também da própria PGN e da Engie (ex-GDF Suez). O presidente da Parnaíba Gás Natural, Pedro Zinner, antecipou que a companhia pretende diversificar sua atuação, mas reafirmou o Parnaíba como o "core business" da empresa e a aposta no conceito 'gas-to-wire'. "Achamos que a estratégia de 'gas-to-wire' é uma estratégia vencedora e que adquirimos uma expertise alta fazendo isso", disse.

Mauricio Bähr, presidente da Engie Brasil, também destaca a aposta da empresa na geração a gás e que a companhia tem "vontade de expandir um pouco mais" no leilão deste ano, após arrematarseis blocos na 12ª Rodada. O foco da Engie ainda é o onshore e a "viabilidade de projetos térmicos".

Valor econômico, v. 16 , n. 3834, 03/09/2015. Empresas, p. B1