Título: Multidão se manifesta na Cisjordânia
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 22/09/2011, Mundo, p. 26

Com as atenções completamente voltadas para a grande batalha diplomática que seu presidente trava em Nova York, milhares de palestinos saíram ontem às ruas, nas principais cidades da Cisjordânia, para manifestar apoio ao ingresso da Palestina como 194º país-membro das Nações Unidas. em clima festivo para apoiar a iniciativa. Convocados pelos líderes da Autoridade Palestina (AP) em Ramallah, Nablus, Hebron, Belém e Jericó, cerca de 15 mil pessoas desfilaram com bandeiras palestinas, retratos do presidente Mahmud Abbas e cartazes com o número 194. De acordo com o porta-voz do serviço de segurança da AP, Adnan Damiri, 8 mil policiais foram colocados nas ruas.

A euforia vivida na Cisjordânia contrastou com a aparente apatia na Faixa de Gaza, a outra parte do território que a AP reivindica para seu Estado soberano, onde se reuniram apenas algumas dezenas de mulheres. O movimento islâmico Hamas, que controla a região há quatro anos, se opõe aos termos do pedido que Abbas levou a Nova York, por ver na iniciativa o reconhecimento de Israel. Em acordo com o partido nacionalista Fatah, ao qual pertence Abbas, os líderes de Gaza decidiram evitar manifestações que pudessem acirrar as divisões entre as duas facções.

As aulas foram suspensas na Cisjordânia para que os estudantes pudessem reforçar as demonstrações em favor do reconhecimento pela ONU. Em Ramallah, que abriga a sede da AP, a multidão se reuniu na histórica Praça Manara, no centro da cidade, sob uma imensa bandeira com os dizeres "Campanha nacional pela Palestina, 194º Estado". A ONU é integrada hoje por 193 países.

Um grupo folclórico dançou músicas tradicionais e uma conhecida banda entoou a canção Declarado, que homenageia o Estado palestino. Em um palco foi colocada uma cadeira celeste, cor da bandeira da ONU, para simbolizar o assento que os palestinos esperam obter. Sobre a cadeira, um retrato de Yasser Arafat, que liderou a luta de independência por cinco décadas e morreu, em 2004, como primeiro presidente da AP.

Em Nablus, manifestantes agitavam bandeiras nacionais e da "Campanha Palestina 194", além de fotografias de Arafat. Estavam presente muçulmanos e cristãos, além de membros do movimento judaico ultra-ortodoxo Naturei Karta, que é anti-sionista, não reconhece o Estado de Israel e apoia o estabelecimento da Palestina.